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Análise: Headlander é de perder a cabeça!

Irreverência. Se há uma palavra que definiria Headlander, se é que isso é sequer possível, a palavra é essa. Nada mais esperado de mais um jogo da Adult Swim Games, que tem como marca registrada um teor mais sarcástico, um humor mais ácido e uma pegada mais adulta. Headlander segue a receita quase à risca, deixando o humor de lado mais rapidamente do que os outros jogos da desenvolvedora, e desde o começo já podemos sentir que o game vem com essa proposta.

Análise feita com código cedido pela distribuidora

De cara somos apresentados a uma tela de seleção de personagem inusitada. Digo isso, pois neste jogo temos nada menos que uma “tela de seleção de cabeça”. Sim, o personagem que jogamos é nada mais do que uma cabeça dentro de um capacete equipado com propulsão a jato. Para completar, a pequena animação que abre o jogo começa com uma piada sobre o estranho fato: “Não faz sentido tentar falar, pois você não tem pulmões” seguida de um zoom out que revela então que, de fato, você é uma cabeça ambulante flutuante.

Gameplay

O mundo do jogo é sobre naves povoadas por robôs avatares da humanidade após a mesma destruir seu planeta natal com infinitas guerras. Parece que você é o único que se assemelha a um ser humano no meio dos cabeças de lata. Ao passarmos pela parte introdutória, que é simples até demais por sinal, somos arremessados no verdadeiro mapa que devemos explorar no melhor estilo Metroidvania (mundo aberto em 2D e plataforma, vide Metroid e Castlevania). O cenário é muito bonito, coloridíssimo e segue uma estética muito comum àquela ideia de futuro explorada nos anos 60-70, como o desenho Jetsons.

Além desse estilo “futurísta antigo”, é possível ver logo nos primeiros minutos uma referência clara a outro clássico da ficção científica, o livro ‘Admirável Mundo Novo’ de Aldous Huxley, quando nos damos conta de que os robôs são mantidos felizes por uma espécie de lavagem cerebral estimulada por drogas, sexo e diversão initerruptas. Há algo de errado nisso tudo, e essa questão de controle de massas passa a incomodar os mais atentos aos detalhes. Os paralelos com os “autoritarismos” rotineiros da vida real são evidentes.

A narrativa, portanto, segue um tom mais adulto e muitas pessoas mais novas podem não entender algumas boas tiradas ao longo da exploração do mapa, como por exemplo brincadeiras com o gênero dos robôs e outras de cunho sexual. Porém, tais piadas, que inicialmente parecem que vão ditar o enredo do jogo, acabam se tornando fracas com poucas horas de gameplay. Eu, particularmente, entrei preparado para muitas risadas e admito que esperava mais desse quesito de um jogo da Adult Swim.

Gameplay02

Voltando ao aspecto dos robôs, a jogabilidade do jogo, por se tratar de uma cabeça ambulante, é pautada em você se acoplar às diversas opções de corpos espalhados pelos mapas ou usar as habilidades do capacete. Quando estamos voando com a cabeça, ficamos mais vulneráveis, porém temos habilidades específicas como, por exemplo, a sucção para tirar fora a cabeça de algum inimigo ou dar uma “capacetada” com nossa “testa”. Essa possibilidade de jogar com um corpo ou com a cabeça flutuante é uma manobra inovadora para o gênero e abrie um leque de opções de exploração, além de combinações de movimentos para seguirmos adiante e enfrentarmos determinados inimigos e puzzles.

A questão dos corpos é um dos fatores que torna o jogo extremamente divertido e intrigante. Praticamente todos os robôs do jogo são controláveis, sejam militares ou civís ou até mesmo animais. Existe vários tipos de robôs militares, que atiram, dão socos, são especializados em combate corpo a corpo, à distância, contra um único inimigo ou contra muitos inimigos. Além disso, os robôs possuem gênero e certos acessos só são liberados para “mulheres” ou “homens”, de determinada cor ou temática. Até mesmo para destravar áreas do mini-mapa, você deve se acoplar a um robô específico e fazer o “download” das informações para seu capacete.

A jogabilidade é simples e cumpre muito bem o objetivo, com algumas exceções quando necessitamos de movimentos muito rápidos, como troca de cover de um lado para o outro. A variedade das armas, que é reflexo dos corpos adquiridos, é justa e, como dito antes, a possibilidade de dois tipos de exporação é muito útil e interessante. O sistema de evolução é simples e objetivo, mas muito efetivo. Seguindo a ideia de cabeça e/ou corpo, você pode evoluir habilidades e atributos relacionados tanto a um quanto ao outro. Isso faz total diferença em determinadas situações e ao seu estilo e preferência de jogo. Se você quiser dar cabeçadas, invista nas habilidades do capacete, se quiser fuzilar geral, invista nos corpos.

Gameplay03

O progresso do jogo segue muito bem o estilo Metroidvania, mas achei simples demais, pecando pela facilidade em avançar sem grandes desafios reais. Acredito que puzzles mais bem elaborados poderiam oferecer um empecilho maior e mais saudável ao jogador, principalmente os mais acostumados ao estilo de jogo. Além disso, a falta de opção de nível, deixa um vazio no peito dos que gostam de um bom desafio.

Portanto, Headlander é um jogo independente de plataforma no estilo Metroidvania, com uma narrativa sarcástica e crítica que cumpre muito bem o seu papel com muita diversão. Algumas pequenas escolhas dos desenvolvedores poderiam ter sido melhor trabalhadas, mas nada que afete muito o propósito do game. As 6 ou 7 horas de jogo não desperdiçam tempo em tentativas magalomaníacas e focam exatamente no que o jogo quer oferecer. Logo, mesmo com pequeno problemas, e sendo o jogo vendido a apenas 20 dólares ou R$ 61,50 na maioria das lojas virtuais, seu custo-benefício é algo incrível e por isso, não é com dificuldade que podemos dar a ele um 8 fichas redondinhas.

 


{{
game = [Headlander] info = [Lançamento: 26/07/2016] info = [Produtora: Double Fine] info = [Distribuidora: Adult Swim Games] plataformas = [PC e PS4] nota = [8] decisão = [Bom custo-benefício, compre!] texto = [Com um sistema inovador e cômico,] texto = [Headlander vale o preço.] positivo = [Barato] positivo = [Bons visuais] positivo = [Variedade de exploração] negativo = [Sem escolha de dificuldade] negativo = [Fácil de mais] negativo = [Não tão engraçado] }}

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.
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