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Análise: The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II é um baita JRPG

Há alguns anos, Final Fantasy começou a desgastar-se como uma marca de referência no mundo dos RPGs japoneses. Alguns lançamentos duvidosos dividiram um público cativo que os acompanhava desde a popularização do gênero no SNES e no PS1, o que abriu espaço para que a concorrência abocanhasse uma fatia do mercado. Dentre a nova leva de JRPGs que cativa o público, a série The Legend of Heroes (presente hoje em dia no PC, PSP, PS3 e PSVITA) destaca-se como um híbrido do antigo e do novo, agregando elementos contemporâneos do gênero do dia-a-dia escolar de jovens e social links, junto com a escala e a história épica de jogos clássicos. Na verdade, a série já percorre um longo caminho desde o início da década de 90, mas foi uma das poucas a se ajustar aos padrões contemporâneos e reter sua popularidade.

A subsérie Trails of Cold Steel acompanha as aventuras da Classe VII da Academia Militar de Thors, pertencente ao Império de Erebonia. A turma é pequena, formada por 9 alunos de diversos estratos sociais – cuja única semelhança seria a compatibilidade com um aparelho místico de batalha experimental – e sua instrutora irresponsável (porém fofa). O primeiro jogo acompanha a formação da classe e o início do relacionamento de todos os integrantes, explorando a escola, a singela vila que a cerca, e boa parte do território do império. Acompanhamos a história de Rean Schwarzer e de seus valorosos colegas de classe. A história do primeiro jogo caminha em um ritmo comedido mas culmina em clímax de grande crise para a nação, onde Rean e a Classe VII são fundamentais para evitar um desastre maior.

Trails of Cold Steel

Tentando evitar ao máximo os spoilers ao primeiro jogo, podemos falar que Trails of Cold Steel II inicia-se pouco depois do fim de seu antecessor, após a guerra que mudou a cara do continente e que os personagens tentavam evitar. Aqui, voltamos a ver reunidos os personagens da Classe VII com algumas adições muito bem-vindas. O jogo inicia-se na cidade natal de Rean, Ymir (que substitui a Academia Thors como hub principal do jogo), e a reunião com a antiga trupe leva praticamente a primeira metade do jogo. Como sempre, o jogo leva um bom tempo para engrenar e dessa vez ainda existe o agravante de que muitas áreas são as mesmas que vimos no original, com as novidades demorando a surgir. Diferentemente do que ocorre no primeiro jogo, entretanto o foco é atravessar o território do Império, o que é executado bem, mas com alguns problemas no ritmo que só não são piores porque a introdução de muita coisa já foi feita. Boa parte do tempo de jogo é passado apenas perambulando por Ymir ou alguma outra cidade onde o grupo está baseado, conversando com personagens e passando os dias em um sistema parecido como o que acontece na série Persona.

Importantíssimo ressaltar o quão importante é ter jogado o primeiro jogo para entender o que se passa no segundo. Os principais pontos da trama são explicados em vários momentos, mas tramas paralelas e opcionais do primeiro jogo podem (e vão) passar batidas por jogadores que não tiveram experiência com o game anterior. Muitas revelações perdem a graça se você não sabe o que aconteceu antes e a própria mecânica do jogo reforça isso, pois Trails of Cold Steel II importa de seus jogos salvos do primeiro game os seus relacionamentos com os personagens lá para ele, o que resulta em cenas e diálogos diferentes de acordo com suas escolhas e o quão próximo Rean era de personagem X ou Y no jogo anterior.

Trails of Cold Steel

É ótimo vermos o retorno de antigos personagens, que têm interações muito bacanas como no primeiro jogo e temos a sensação de conhecê-los ainda melhor aqui. A Falcom está de parabéns por construir relacionamentos tão reais e orgânicos para personagens que são cravejados de clichês de animes, mas que conseguem se manter intrigantes. O mundo de Trails of Cold Steel II também impressiona pelo nível de detalhe e como tudo fica muito bem amarrado. Personagens secundários e “figurantes”, possuem suas histórias particulares, como a família que vive com seus próprios afazeres em uma cidade em algum canto do Império. Esse acaba sendo o tipo de detalhe que traz o mundo jogo ainda mais à vida. A quantidade de missões paralelas e opcionais, além da imensidão de diálogos com personagens secundários, impressiona. E é ótimo que esse conteúdo possa ser feito sem pressa, para que o jogador tome todo o tempo que precisar ou quiser para se decidir se quer ou não se aprofundar mais no universo do game.

O sistema de batalha do jogo é basicamente o mesmo do primeiro jogo com uma grande novidade: batalhas de mechas gigantes. Assim como na série Trails in the Sky, o combate em Trails of Cold Steel II é em turnos, com ênfase em posicionamento, formação e ataques em área. Existem três barras com valores numéricos principais: HP, CP e EP. HP são os pontos de saúde dos personagens e EP os de energia, que permitem o uso de Arts (artes mágicas). CP funciona como um espécie de stamina para as Crafts, habilidades que funcionam como magias mas utilizam CP ao invés de EP. A maior diferença entre as barras, é que CP tem um limite de 200 pontos para todos os personagens e pode ser recuperado quando o personagem elimina um adversário em batalha ou ao ganhá-la. Ter pelo menos 100 pontos de CP (embora 200 pontos habilitem uma versão ainda mais poderosa) permite que o personagem utilize uma S-Craft, que nada mais é que uma Craft mais poderosa que pode ser usada a qualquer momento, mesmo fora do turno da personagem em questão.

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Overdrives são uma novidade na série, que são ataques que podem ser usados ao se completar uma barra correspondente particular a cada personagem (e que deve ser destravada por meio de side-quests) e permitem que o jogador faça três ações seguidas com um mesmo personagem. Efeitos colaterais do Overdrive incluem o uso automático de todas as Arts, o nocaute de adversários e a recuperação de CP e EP de todo o grupo. Um Overdrive bem utilizado pode mudar uma batalha. Já as batalhas com os mechas mudam um pouco as regras do combate, pois os robôs são como tanques, capazes de aguentar muito dano e compostos por diferentes parte com HP individual. O combate de Trails of Cold Steel II é bastante estratégico, principalmente com a ênfase na movimentação dos personagens, que podem percorrer todo o campo de batalha como peças em um jogo de tabuleiro.

Visualmente, o jogo é idêntico a do primeiro jogo, que é razoavelmente bonito para um portátil como o Vita e até no PS3, embora já tenhamos visto coisas muito melhores nos dois console. As animações, tanto durante as batalhas como no mundo, durante as interações entre os personagens, são deveras primárias. A trilha sonora é bem legal, com uma pegada cheia de animação que não deve ser estranho para aqueles familiares com a série Ys, que também é da Falcom. O game agracia o PSVITA e o PS3 e, assim como com o original, permite a troca de jogos salvos entre as duas plataformas (o cross-save), o que é sempre uma ótima opção.

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Em suma, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II presenteia os jogadores com personagens divertidos e um dos mundos de RPG melhor executado desde Ivalice em Final Fantasy XII (ou o próprio mundo em um lugar diferente na subsérie Trails in the Sky). Embora sofra com alguns problemas de lentidão no andamento da trama, ela consegue ter um bom início e apenas melhorar até o fim, prendendo o jogador à cadeira (ou à telinha do portátil). O sistema de combate também prova que não caducou e continua mandando muito bem nessa sequência. Trails of Cold Steel é recomendadíssimo para fãs do gênero.

{{

game = [The Legend of Heroes]

game = [Trails of Cold Steel II]

info = [Lançamento: 06/09/2016]

info = [Desenvolvedora: Nihon Falcom Corporation]

info = [Distribuidora: XSEED Games]

plataformas = [PSVITA e PS3]

nota = [4/5]

decisão = [A sequência que buscávamos!]

texto = [Recomendadíssimo para fãs de JRPG]

texto = [e para aqueles que curtiram o primeiro.]

positivo = [Personagens carismáticos]

positivo = [Trama empolgante]

positivo = [Mundo muito bem construído]

negativo = [Ritmo e início lentos]

 

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Pedro Nogueira

Formado em Administração e em GunZ: The Duel. Rei dos FPS e o Toretto dos jogos de corrida no site. O nerd/entusiasta do PC Master Race, responsável por análise de periféricos e hardware. Quebra um galho de streamer lá na twitch.tv/ultimaficha.

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