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O maior problema da Nintendo é a própria Nintendo

O mercado de videogames deve muito à Nintendo, e isso é algo que muitos acabam esquecendo.

Foi a Nintendo que, após uma queda no interesse e nas vendas de videogames nos anos 80, conseguiu não somente reerguer o mercado, mas também reinventá-lo. O NES trouxe uma série de fundamentos que redefiniram a forma como os consoles eram vistos. O aparelho foi precursor em uma nova forma de se ver os videogames, menos como um hobby de criança e mais como um meio de entretenimento sofisticado.

Entretanto, a Nintendo de hoje em dia se vê em meio a uma série de desafios. O maior problema da Nintendo atualmente, é a própria Nintendo.

Esse ano não poderia ser um maior exemplo da Nintendo vs Nintendo. Para cada incrível e inovadora nova ideia que a empresa anuncia, há também uma Nintendo logo ali pronta para fazer algo que afaste as pessoas.

Pegue como exemplo o último mês.

Anunciado em julho, o NES Classic Edition é um remake do console lançado em 1985 praticamente do tamanho da palma de uma mão. A réplica vem com 30 jogos na memória, um controle e a possibilidade de plugar na televisão através do HDMI para uma experiência clássica em alta definição.

O adorável remake foi adotado pela comunidade de forma instantênea como obrigatório para o período das festas de Ação de Graças e Natal. Os fãs fizeram filas para adquirir o produto de 60 dólares. O problema é que foi gente demais… Consequência: O aparelho esgotou em todos os lugares muito rapidamente.

A Nintendo parou para fazer o que ela tem feito melhor: Atrapalhar seu próprio sucesso.

A empresa se recusou a dizer quantos aparelhos foram enviados aos Estados Unidos. Inicialmente, eles sequer disseram onde era possível de se comprar um. Lojas de jogos e empresas como Walmart e Best Buy reportaram terem recebido a pífia quantidade de 10 ou menos consoles no dia do lançamento.

E, ao mesmo tempo em que a escassez aumentava, o mesmo acontecia com a demanda.

A Nintendo permaneceu em silêncio sobre onde os consoles estavam disponíveis, se mais unidades chegariam ou mesmo quantas estariam à disposição. Consequentemente, um mercado cinza cresceu em cima do vácuo criado pelo silêncio da Nintendo.

Rapidamente, o único lugar confiável em que uma pessoa poderia comprar o remake de 60 dólares era o eBay, mas por 200 ou mesmo 300 dólares.

Enquanto fãs ansiosos acampavam em frente às lojas durante a madrugada na esperança de pagar o preço tabelado do produto, o eBay vendia uma unidade a cada 18 segundos.

Nas últimas três semanas de Novembro, a Nintendo vendeu quase 200 mil cópias do remake somente nos Estados Unidos. Ou seja, a Nintendo vendeu em três semanas a mesma quantidade que o Wii U penou pra alcançar nos últimos seis meses. Por mais que pareça muito, é importante lembrar que isso ainda nem chega perto das cifras do lançamento de um novo console. Por exemplo, a Sony vendeu mais de um milhão de PS4s somente no primeiro dia de vendas na América do Norte.

Contudo, o que poderia e deveria ter sido um momento incrível para a Nintendo acabou degringolando em um fiasco de marking para os fãs, que tiveram que esperar horas nas filas para encontrarem quantidades esgotadas do produto, ou tiveram que pagar quatro vezes o preço de venda do remake no eBay.

A Nintendo simplesmente foi incapaz de fabricar e distribuir seu próprio console, ou não entendeu seu próprio mercado. E isso não foi a primeira vez, os mesmo problemas aconteceram no lançamento dos pequenos e fofos Amiibos.

Na última semana, a Nintendo teve outra chance de ganhar seus fãs. A companhia, antes reticente sobre trazer seus jogos ou personagens para celulares, trouxe seu primeiro jogo para o iPhone.

Super Mario Run foi desenhado para trazer as mecânicas básicas do jogo clássico da Nintendo que trouxe tantas memórias felizes para tanta gente. Mario automaticamente corre para a direita do seu celular e os jogadores simplesmente têm que tocar na tela para pular, coletar moedas e atravessar o cenário fazendo pequenas acrobacias.

É uma nostalgia divertida feita para trazer de volta fãs da Nintendo que gostariam de ter um pouco da empresa em seus celulares. A não ser que você queira jogar em qualquer lugar que não tenha WiFi ou sinal de celular…

Novamente, a Nintendo apareceu para tirar seu próprio cavalinho da chuva.

A empresa, que tem um histórico de medo da pirataria impactar negativamente os jogos que eles criam desde a década de 80, decidiu que a melhor forma de prevenir o roubo do seu jogo de 10 dólares era requerir um check online antes e depois de cada partida jogada. Não tem uma conexão forte o suficiente, ou mesmo nenhuma por estar no metrô, um elevador, avião, ou simplesmente morar em áreas rurais? Então você receberá uma grande mensagem de erro que impede que você faça qualquer coisa com o aplicativo de 10 dólares que você acabou de adquirir.

Sempre temos a impressão de que virá aquele plot twist a cada novo lançamento da empresa. Isso é o produto da uma empresa com um pé firmemente preso no passado e uma companhia em dificuldades de se redefinir.

Infelizmente, a Nintendo precisa da boa vontade dos fãs e de todos os jogadores no momento. Após o desastre que foi o Wii U, a companhia não pode se dar o luxo de falhar novamente. Com o Nintendo Switch, híbrido portátil e console de mesa, a empresa terá a chance não somente de alcançar seus concorrentes, mas de ultrapassá-los na inovação e nas vendas.

Eles têm a inovação, eles têm os jogos. Eu espero sinceramente que quando a Nintendo revelar seu próximo console no próximo mês ela não apareça para estragar tudo mais uma vez.

Via Polygon

 

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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