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Análise: Agents of Mayhem traz diversão, mas deixa a desejar

Quem já jogou Saints Row sabe do que se trata Agents of Mayhem (AOM). Apesar de ser um jogo que tenta a todo momento se mostrar independente do seu influenciador, não há dúvidas de que muito do primeiro jogo é encontrado neste. Muita ação, explosão, palavrões e humor são como a impressão digital de AOM. Apesar de não conseguir cumprir seu papel em muitas ocasiões, Agents of Mayhem oferece uma considerável dose de diversão.

A proposta do jogo é simples, até para conseguir manter sua não tão séria e com um humor peculiar (um dos pontos mais importantes do jogo): A organização de supervilões conhecida como LEGION, liderada por um homem chamado Morningstar, lidera ataques globais usando sua tecnologia de teletransporte e armas carregadas com matéria-escura deixando todos em total estado de medo. Em um esforço para recuperar o mundo das garras da LEGION, a Ultor Corporation forma uma nova iniciativa antiterrorista: a MAYHEM.

UMA PEGADA… CÔMICA?

Desde o início, Agents oh Mayhem tenta mostrar aos jogadores que se trata de um jogo com uma pegada, no mínimo, cômica. Tal decisão está presente em absolutamente todos os detalhes do jogo, que são muitos e ricos, não podemos negar. A expressão caricata dos personagens (muita bem feita a propósito), a possibilidade de você bombardear a cidade inteira em um tremendo “foda-se”, acertar balas perdidas em civis, atropelá-los de propósito acidentalmente, as cutscenes e os diálogos, tudo gira ao redor do humor absurdo. Em muitos momentos o jogo acerta em cheio, já em outros, falha miseravelmente.

AOM01

Entretanto, o roteiro, onde naturalmente o humor é explorado ao máximo e da melhor forma em todas as mídias audiovisuais, é um pouco fraco. Uma tirada ou outra podem ser até engraçadas, porém como o jogo insiste em tentar ser engraçado em absolutamente todos os diálogos, é normal cansarmos um pouco e ficar com aquele sorriso forçado do tipo “ok, essa não foi engraçada, mas tô dando um voto de confiança”. Do meio do jogo em diante, você já está sem paciência para a conversa dos personagens que fica infelizmente massante.

SEUL, UMA CIDADE COLORIDA

O jogo tem um visual deslumbrante. Pode não fazer seu estilo se você gostar de algo que dialoga mais com a realidade, mas o caso aqui não é de gosto e sim de competência no design. A intensidade das cores e a riqueza dos detalhes em todos os cantos, desde as texturas, passando pelas partículas e as animações, dão um quadro lindo de se ver em muitos momentos, principalmente em alguns combates onde a mistura frenética das cores é de cair o queixo.

No lugar de vídeos feitos em computação gráfica ou rodado em tempo real, a desenvolvedora Volition escolheu o mais clássico desenho animado, o que faz jus à estética do jogo e mantém a proposta coerente. Apesar de em alguns momentos as animações dessas cutscenes parecem pobres, elas cumprem bem o papel de manter o jogador imerso no universo do jogo.

PERSONAGENS, O PONTO ALTO DE AGENTS OF MAYHEM

Como já mencionado antes, os personagens do jogo, além de cumprirem muito bem o papel cômico do game, são, de fato, as estrelas. Agents of Mayhem base, sem DLCs, conta com nada menos que doze (12) personagens jogáveis, fora os NPCs que possuem, de um modo geral, bastante personalidade. O destaque entre os NPCS fica para a Friday, a agente que está a todo tempo em contato com a equipe. Quem assistiu o último Homem-Aranha nos cinemas pode entendê-la como uma “cara na cadeira” (“guy in the chair”), divertida ao mesmo tempo que mantém a seriedade das missões.

Cada um dos personagens conta com um design incrível e original que refletem exatamente sua personalidade. Temos o Hollywood que, como o nome sugere, é um almofadinha ex-estrela de cinema que adora aparecer e fazer suas poses estilosas com óculos escuros; há também um gangster rapper que, como exige o esteriótipo, usa calças jeans arriadas e segura sua arma de lado; um russo que participou de um experimento e acabou se tornando uma espécie de homem de gelo mantendo o sotaque e a “frieza” russa nos ataques. São muitos e cada um deles vale muito a pena.

Agents of Mayhem Fortune

A dublagem é parte necessária e não deixa nada a desejar. Cada personagem tem seu estilo refletido na maneira de falar, no sotaque, nas piadas e até mesmo nas piadas que os próprios não entendem seja por serem específicas de uma região do globo da qual eles não fazem parte ou porque eles simplesmente não são do mesmo grupo social.

Para fechar com chave de ouro esse quesito, o jogo trata não só do estilo, personalidade e aparência dos personagens, mas também de suas motivações. Como a MAYHEM é uma iniciativa que não mede esforços para acabar com a LEGION, onde os fins justificam os meios, é comum que alguns personagens não sejam inteiramente bonzinhos. O que eu quero dizer com isso é que cada um desses 12+ heróis tem uma história por trás que justifica o ingresso deles no grupo.

Alguns deles ainda são vilões (se pensarmos no julgamento moral da coisa), como o próprio gangster citado por exemplo, mas que ainda assim tem razões para quererem derrotar a LEGION e, portanto, ingressam no time junto com mocinhos. Aliás, fazer as quests dos personagens é muito divertido já que você aprende bastante sobre eles, suas motivações e história, além de abrir novas skins, armas, habilidades etc.

GAMEPLAY DIVERTIDO, MAS TROPEÇA EM MUITOS PROBLEMAS

A parte mais complexa ao se analisar AOM é seu gameplay. Inicialmente achei muito bom. O jogo me tacou dentro de um prólogo frenético sem explicar muita coisa com os tutoriais surgindo na tela e me ensinando o básico. Aliás, o ritmo um tanto frenético de início me deixou um pouco perdido quanto aos outros pontos que o jogo oferece, porém logo depois o game te dá uma chance de respirar e entender melhor todas suas funcionalidades.

O estilo é o clássico de ação em terceira pessoa de mundo aberto ao esquema GTA. Mas enquanto GTA demora quase uma década para ser desenvovlido, AOM tomou apenas alguns poucos anos e isso se reflete claramente nas mecânicas e desempenho do gameplay como um todo.

Na questão combate o jogo é fluido, fácil de aprender, porém difícil de executar. Não pelo desafio do jogo, mas por falta de balanceamento. A sensibilidade da câmera é justa, apesar de ter sentido a necessidade de desabilitar completamente o assistente de mira. Porém na questão da complexidade das batalhas, achei que Agents of Mayhem deixa a desejar. Os itens que pegamos e desenvolvemos quase nunca são realmente necessários, faltou cuidado quanto à necessidade de se trocar de personagens, o que eu acabava fazendo só para evitar que morressem, o que, de certa forma, acontece fácil demais.

Agents of Mayhem Combat

As missões são muitas, por todo o mapa. O jogo se baseia em liberar torres do controle da LEGION para ter acesso às sidequests de determinada região. Apesar da oferta de quests secundárias ser muito grande, a maioria é dispensável. Inicialmente até me diverti com elas, mas depois ao entender que simplesmente estão ali para te dar dinheiro e experiência, eu realmente desanimei. Tirando as missões dos personagens que abrem os novos heróis e contam parte de suas histórias, qualquer outra é realmente ignorável após poucas horas de jogo.

A própria campanha em si também cairia no desuso se não fosse obrigatória para seguirmos adiante, haja vista que logo o jogo se torna repetitivo até em suas missões principais: ativar algum terminal, matar hordas de inimigos e andar até a próxima etapa. Os chefes, que apesar de serem muito bem desenhados da mesma maneira que os heróis, são pouco desafiadores e não exigem muita estratégia por parte dos jogadores.

A versão que analisei foi a do PS4 e acho válido destacar também que ela esbarra em problemas de performance. Os visuais deslumbrantes durante os combates vez ou outra sofrem com quedas significativas de FPS durante a ação e em alguns casos enquanto eu simplesmente dirigia pela cidade. Cidade esta que, além de ser relativamente pequena para nossos padrões da atual geração, tem como parte da sua paisagem carros desaparecendo no meio do nada há uma distância de apenas um quarteirão, provavelmente por limitação de processamento. Em alguns momentos eu me sentia como em jogos de PSOne, onde os carros simplesmente desapareciam e abriam passagem para o meu possante voar pelo trânsito.

TUDO JUNTO E MISTURADO

Portanto, fica claro que “tiro, porrada e foda-se” não resolve sempre a parada. Agents of Mayhem traz esses três itens e até tenta um pouco mais. Faz uma mistura ambiciosa, o que é válido destacar, que daria muito certo se o jogo tivesse conseguido acertar nos pontos principais. O game é divertido, mas seu fôlego não dura muito tempo. Seus visuais são deslumbrantes, mas não o suficiente para tapar completamente o buraco dos problemas. Até mesmo seus personagens, que são de fato muito legais e divertidos, não são capazes de manter completamente a imersão do jogo, já que, tirando suas sidequests iniciais, logo também caem em missões para conseguir apenas cosméticos.

Agents of Mayhem é um jogo válido para se comprar a um preço um pouco mais baixo do que os de lançamento e até vai te proporcionar bons momentos quando você estiver a fim de se divertir sem quebrar muito a cabeça. De vez em quando você vai rir das piadas e dirigir feliz sem muita cautela por Seul, seguindo a vida de herói e derrotando uns inimigos interessantes em alguns momentos.

{{

game = [Agents of Mayhem]

game = []

info = [Lançamento: 15/08/2017]

info = [Produtora: Volition]

info = [Distribuidora: Deep Silver]

plataformas = [PC, PS4 e Xbox One]

nota = [3/5]

decisão = [Espera o preço baixar um pouco!]

texto = [Divertido, mas um pouco repetitivo]

texto = [e com problemas técnicos]

positivo = [Visuais incríveis]

positivo = [Personagens divertidos]

positivo = [Intensidade dos combates]

negativo = [Gameplay repetitivo]

negativo = [Problemas técnicos]

negativo = [Roteiro fraco]

}}

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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