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Preview: Poderá Endless Space 2 elevar o patamar da estratégia espacial?

Endless Space 2 é o mais novo título do estúdio francês Amplitude Studios e o primeiro desde sua aquisição pela SEGA. É um jogo de estratégia do gênero 4x – sigla que significa eXplore, eXpand, eXploit and eXterminate, normalmente mais cadenciado do que um RTS padrão. Os desenvolvedores já haviam mostrado seu talento para a estratégia no primeiro game, no roguelike Dungeon of the Endless e no aperfeiçoado Endless Legend (todos jogos diferentes que se passam num mesmo universo). Endless Space 2 entrou em outubro na fase de Acesso Antecipado, o programa da Steam para jogos que ainda estão em desenvolvimento mas já disponíveis para serem comprados e testados pelos interessados. A Amplitude nos ofereceu o acesso ao jogo em sua fase atual, Alpha, e tiramos nossas conclusões abaixo. Ainda não há planos para o lançamento completo do jogo, mas os desenvolvedores afirmam na página do jogo na Steam que ele deverá ser lançado ainda na primeira metade de 2017

O jogo tem 3 níveis de tutorial, apenas o último, “Expert”, estava disponível. Nesse tipo de tutorial, o jogo avisa que avisará apenas mecânicas avançadas do jogo, sendo voltado para jogadores já familiarizados com games 4X da Amplitude. Para minha sorte, era o meu caso. Ao escolher um novo jogo, podemos escolher entre quatro raças (no jogo final serão oito): os avançados e pacíficos Sophons e os vorazes Cravers (uma raça insectóide que apenas consome todos os recursos de um planeta, esgota-o e busca um novo e para os quais o conceito de paz e comércio não existem – uma puta ideia para uma facção, diga-se de passagem) retornam do primeiro jogo. Além deles, dois novatos: os Vodyani e os Lumeris. Os primeiros são uma raça estilosa de “pretinho básico” que avançaram tecnologicamente graças à tecnologia dos Virtual Endless (mais sobre os Endless a frente) e agora os adoram como se deuses fossem e buscam consumir a energia vital de outras espécies. Já os Lumeris são parecidos com os Ferengi de Star Trek, colocando o comércio e o crescimento econômico acima de tudo – mas são também expansionistas e fragmentados em famílias tracionais que dividem o poder e nem sempre se dão muito bem.

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Ambas as espécies ainda possuem uma relação interessante com a obtenção de planetas. Os Vodyani habitam imensas naves “arca” que, ao ancorarem em um sistema solar, exploram simultaneamente todos os seus planetas (enquanto outras civilizações devem fazê-lo planeta por planeta). Por outro lado, os Lumeris não são conhecidos como “corretores de planetas” à toa, podendo “comprar” planetas (ainda que não sejam colonizados por ninguém) sem usar naves-colônia, o que resulta na criação imediata de um posto avançado ali. Eles também podem vender seus planetas para outros impérios para ganhar um bom lucro.

Cada uma das espécies do Alpha possuem características de facção assim como no primeiro jogo que oferecem uma série de bônus e/ou ônus para ela. Essas características podem ser customizadas e até usadas para criar uma nova facção, o que sempre foi uma coisa bacana do game anterior. A diferença agora são as opiniões políticas e inclinações das raças, que pelo visto não podem ser mudadas (o editor de facções mencionado não está disponível ainda) e funcionam mais ou menos como as características de facção, mas ajudam a definir o quadro político de cada uma delas. Aliás, política é uma das novidades de Endless Space 2. As facções são representadas por senadores que pertencem a grupos políticos distintos, então, por exemplo, os Vodyani têm uma opinião política “Religião +10”, o que significa que a bancada religiosa do seu senado tem um incremento permanente. Por hora, 5 diferentes facções disputam o poder no senado dentro de cada civilização do jogo e conforme o número de habitantes de seu império aumenta, edificações são construídas e eventos acontecem, novas opiniões vão surgindo e aumentando a complexidade do cenário político. Para o jogador, é fundamental ficar de olho e tentar influenciar a corrida política para garantir que as leis certas, que oferecem benefícios valiosos, sejam aprovadas pelo grupo no poder. Se nada disso te interessa, você também pode descobrir novas formas de governo mais totalitárias em que eleições não são problemas.

Após acertarmos as configurações de uma partida, que de maneira semelhante ao primeiro game consiste em determinar uma série de parâmetros bem variados da galáxia onde o jogo se passa (incluindo o formato, número médio de estrelas, número médio de planetas em sistemas solares, idade da galáxia, etc.), somos teleportados para a tela de jogo. E que bela visão que é: Endless Space 2 passou por um tratamento de beleza com relação ao primeiro jogo, e vêm acompanhado de muita elegância e estilo no desenho da interface, dos planetas, das raças e das naves. As músicas também são muito boas, soando familiares a quem já jogou o primeiro game, mas ainda há pouca variedade. Confio no trabalho da Amplitude em melhorar  mais esse aspecto.

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O jogo funciona mais ou menos igual a seu antecessor, sendo também um jogo de estratégia “4x”. Você controla uma série de sistemas solares, cada um com uma quantidade altamente variável de planetas que podem ser colonizados. São os sistemas que tudo produzem, desde naves para uso militar ou para exploração a construções. A colonização de planetas também implica na geração dos recursos do jogo, abreviados de FIDS – correspondendo a Alimentos, Produção, “Dust” e Ciência em inglês: Alimentos aumentam sua população geral nos planetas; Produção são pontos usados para construir qualquer coisa; Dust é a substância valiosa que permeia toda a série Endless e corresponde ao dinheiro; e Ciência são os pontos usados para concluir pesquisas científicas. Um jogo normalmente inicia com um único planeta e sistema solar colonizados, uma nave colônia (para obter novos territórios) e uma nave exploratória (que, além de mais rápida que a média, tem a função única de disparar sondas pelo espaço e descobrir planetas distantes, uma novidade bacana que dá maior utilidade para essas unidades).

Conforme coloniza novos planetas, pesquisa tecnologias e consolida seu império, é inevitável que você esbarre com os outros habitantes da galáxia. Quando isso acontece, você estará por padrão em um estado de Guerra Fria com a outra facção, mas, com os avanços certos, poderá fazer a paz ou uma aliança ou ainda organizar uma rota de comércio entre seus impérios, garantindo bônus de Dust e Ciência para os dois. Esse é também um dos pontos com menos evolução com relação a ES1: não existem novidades no sistema de diplomacia, que se resume a oferecer propostas de comércio, trocas diretas de tecnologia, território e recursos estratégicos ou de luxo. Não há opções mais parrudas envolvendo estratégia militar, por exemplo, para que você oriente seu aliado quando e onde atacar. Por enquanto, tudo permanece como o básico do gênero.

Como é comum no gênero, os parâmetros para vitória são inteiramente customizáveis. Na fase atual do jogo, somente estão disponíveis a vitória por pontos e por conquista militar, com versões econômicas e científicas a caminho. De qualquer forma, são os tipos de condições mais adequadas à brevidade atual das partidas, limitadas a 100 turnos (embora já existam tutoriais ensinando uma rápida edição dos arquivos do jogo para quebrar o limite, o que pode ser um pouco perigoso para a integridade de seus salvamentos). Não parece ser suficiente para encerrar uma partida na velocidade padrão e, por enquanto, só existe uma velocidade mais rápida, que me proporcionou uma experiência mais interessante.

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Uma coisa que pude observar é que o jogo de uma maneira geral parece mais lento que seu antecessor. Na velocidade de jogo padrão, a “Normal”, como os Vodyani, cheguei no turno trinta e poucos quando pude construir minha segunda arca e colonizar um segundo planeta (todos os do meu sistema solar inicial eram inóspitos e não podiam ser colonizados até que se avançasse bastante na árvore tecnológica). Os baixos valores de produção, comida e essência que tinha em decorrência da sub-expansão faziam com que cada nave ou melhoria levasse mais de 5 turnos para ser construída – parece uma eternidade.

A árvore tecnológica foi completamente retrabalhada, sendo agora dividida em três “Eras” diferentes, mais ou menos como acontece na série Civilization. No entanto, há uma certa fluidez na maneira como podemos pesquisá-las. Por exemplo, são necessárias a pesquisa de 10 tecnologias para avançar da primeira para a segunda Era, o que significa que tecnologias mais avançadas já podem ser acessadas sem que você tenha terminado de descobrir todas as da primeira. Gosto da maneira como foi reorganizada a árvore de tecnologias, exceto com relação às tecnologias que permitem a exploração de certos tipos de planeta que fazem pouco sentido (um planeta árido só pode ser colonizado com uma tecnologia da terceira Era enquanto um planeta coberto por gélidas tundras já pode ser explorado na primeira).

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As batalhas espaciais e invasões terrestres são executadas com bastante simplicidade. Não existem mais os cartões com as táticas adotadas em diferentes fases da batalha, que foram substituídas por três manobras da frota, simplificando o combate. Você pode escolher entre manter-se longe, travar combate à média distância ou engajar o inimigo em uma luta próxima. As invasões terrestres tem táticas parecidas, para o atacante e o defensor. A grande customização de naves está de volta também. Em Endless Space 2, você tem acesso a diferentes classes de naves espaciais e pode substituir partes específicas por armas e equipamentos para que cumpram funções mais especializadas. É divertido customizar as belonaves e torna as batalhas mais imprevisíveis, pois tira do jogador a familiaridade com as unidades inimigas que inevitável surgiria de outra forma.

Endless Space 2 é ainda um trabalho em construção, há evidentemente muito espaço para melhoras no combate, no balanceamento, no andamento do jogo e até em alguns poucos aspectos técnicos. Esse acesso antecipado, entretanto, já mostra um trabalho em vias de ser completado e com um futuro aparentemente brilhante. O que mais empolga é a apresentação do jogo, que é incrivelmente estilosa para o gênero, bem como a jogabilidade distinta do título e as novidades apresentadas. Endless Space 2 tem tudo para ser o melhor jogo da Amplitude e estamos torcendo para isso.

Pedro Nogueira

Formado em Administração e em GunZ: The Duel. Rei dos FPS e o Toretto dos jogos de corrida no site. O nerd/entusiasta do PC Master Race, responsável por análise de periféricos e hardware. Quebra um galho de streamer lá na twitch.tv/ultimaficha.

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