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Análise: Em The Town of Light os monstros somos nós

The Town of Light me marcou de uma maneira difícil de descrever. É impossível ignorar a força de sua narrativa e a história que ele conta. E é a história da minha experiência com essa história que eu contarei nas próximas linhas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, existiu um lugar que funcionava como um hospital psiquiátrico em uma região montanhosa e isolada da Itália. Ali, diversas pessoas eram tratadas com o que se tinha de conhecimento na época. Loucos, psicóticos ou simplesmente pessoas que precisam de ajuda? Muitos seres humanos viveram momentos angustiantes dentro daquelas paredes e coube ao time da desenvolvedora italiana LKA contar a história de Renée, uma das tantas pacientes que lá viveram.

the town of light foto 3

The Town of Light é produto de uma extensa pesquisa sobre esse hospício italiano. Desde seus aspectos físicos até as fichas de pacientes que realmente passaram por lá. No jogo, Renée é uma jovem de 16 anos que foi enviada para esse lugar contra sua vontade pelo simples fato de ela não encontrar seu lugar no mundo. Sua mãe, muito humilde, acabou enviando Renée para uma jornada que mudaria sua vida completamente.

Desenvolvido em 2016, The Town of Light é um jogo independente (indie, para os íntimos). É bom que se diga isso logo de cara, pois muitos aspectos que podem parecer defeito são, na verdade, características de uma obra com baixo orçamento e, consequentemente, recursos.

the town of light foto 5

Aproveitando que estamos falando disso, pode ser que os jogadores mais exigentes se incomodem com gráficos modestos e uma jogabilidade um tanto restrita. Além disso, The Town of Light sofre com algumas traduções erradas e que acabam impactando diretamente na experiência com o jogo (ex: o jogo diz que você precisa ir para determinado andar em busca de um objeto. Mas na verdade ele está em outro andar).

Fora isso, The Town of Light acerta em praticamente tudo. Lento, denso e com uma narrativa extremamente forte. Uma vez que começa a jogar, você totalmente obcecado pela história de Renée. É duro ver o que jovens como ela viveram naquele lugar. E é impossível não se compadecer.

The Town of Light não é um jogo de terror, mas certamente agradará aos fãs do gênero. Sua narrativa também não pode ser descrita como um thiller ou um jogo de suspense. Ele tem vida, alma e características próprias. Em nenhum momento ele faz uso de elementos clássicos de jogos de terror, como jump scares, sons estridentes e, claro, monstros. Também, nem precisava. Em The Town of Light os monstros somos nós: homens e mulheres capazes das maiores atrocidades e maldades jamais imaginados. E ver isso é muito duro, pois não nos é dado um elemento para odiar, para descontar aquela sensação de mal estar que o jogo mostra. O que resta, quando não temos um vilão, ou melhor, quando o vilão somos nós mesmos, é somente uma tristeza profunda e compaixão com o próximo e a reflexão.

Conclusão

The Town of Light não é um jogo para qualquer um. Jogadores que exigem ação frenética e gráficos de ponta provavelmente se frustrarão. Tampouco o recomendo para pessoas que estejam passando por problemas psicológicos. The Town of Light é demasiadamente denso, mas extremamente necessário. Uma obra prima em forma de jogo que certamente me marcou de maneira irremediavelmente profunda.

Apesar dos bugs e do desempenho um pouco abaixo para consoles atuais, as histórias do sanatório italiano merecem ser contadas para que possamos refletir sobre nossas ações passadas como parte da sociedade em que vivemos e podermos, enfim, ser a mudança que queremos para o mundo.

{{

game = [The Town of Light]

game = []

info = [Lançamento: 06/06/2017]

info = [Produtora: LKA]

info = [Distribuidora: THQ Nordic]

plataformas = [PS4, Xbox One, PC]

nota = [5/5]

decisão = [É uma das experiências mais profundas que tive]

texto = [As histórias do sanatório italiano]

texto = [merecem ser contadas. Em The Town ]

texto = [of Light, os monstros somos nós!]

positivo = [História magistral]

positivo = [Ritmo certo para o enredo]

positivo = [Diversos rumos de história]

negativo = [Gráficos modestos]

negativo = [Bugs podem atrapalhar a história]

}}

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

Um Comentário

  1. Estou jogando agora. Nunca vi uma obra tão densa, seria e que no leva a profundas reflexões sobre o homem. Esse jogo deveria ser objeto de aclamação literária e filmografica. Realmente, os monstros somos nós. A realidade consegue ser mais cruel e aterrorizante do que qualquer história de ficção. Nem me importei com os bugs.. A história está muito além disso

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