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Análise: Kingdom Come: Deliverance poderia ser um dos melhores do ano, não fossem os bugs

Europa, Idade Média. Uma das épocas mais duras da humanidade. Esqueça as histórias heroicas medievais que mostram guerreiros salvando princesas das mãos de monstros ou de vilões. Kingdom Come: Deliverance retrata de maneira incrível um período extremamente violento, cruel e cheio de histórias tristes. O jogo se passa em Boêmia, localizada no coração da Europa. A região é rica em cultura, prata e castelos. A morte de seu governante amado, o imperador Carlos IV, mergulhou o reino em tempos obscuros: guerra, corrupção e discórdia dominam essa joia do Império Romano.

Um dos filhos do rei Charles IV, Venceslau, herdou a coroa. Ao contrário do seu pai, Venceslau é um monarca ingênuo, auto-indulgente e pouco ambicioso. Seu meio-irmão e o rei da Hungria, Sigismund, sente essa fraqueza em Venceslau e viaja para Boêmia com o intuito de sequestrar seu meio-irmão. Sem um rei no trono, Sigismund agora está disponível para saquear a Boêmia e aproveitar suas riquezas.

No meio desse turbilhão, você vive as aventuras de Henry, um jovem filho de ferreiro que sonha em sair de sua vila para conhecer o mundo. O jogo começa com Henry sendo acordado por sua mãe após uma noite de farra e bebedeira com os amigos. Já nesta conversa inicial matutina, você poderá delimitar algumas características básicas do personagem, como força, agilidade, carisma e habilidade para diálogos (algo como speech).

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Diferente de outros RPGs medievais, em Kingdom Come: Deliverance saber conversar e pontuar colocações pode fazer até mais efeito do que ter força bruta necessária para ganhar uma luta corporal. Afinal, estamos em plena idade média e você é um simples filho de comerciante. A humanidade a sua volta ainda estava se organizando como sociedade. Pequenos feudos ditavam as regras em suas regiões, sempre respondendo a um rei (que tinha poder de um verdadeiro Deus).

Por falar em Deus, a igreja estava no auge de seu poder. Intimamente ligada aos reis (inclusive muitos Papas eram indicados por reis), ela exercia um forte poder de repressão na população, o que lhe dava um grande poder. Poder este que só era comparado ao dos reis. E, como disse, muitas vezes um poder compartilhado.

Gameplay desafiador

Kingdom Come: Deliverance não é um passeio no parque. Longe disso. O jogo é desafiador e isso torna tudo ainda melhor, visto a dureza do período retratado. Você se sente perfeitamente no papel de um grão de areia em uma praia. Um peão no tabuleiro da vida. Portanto, suas primeiras tarefas terão pouco ou quase nada de nobres ou heroicas.

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Você precisará cobrar pessoas que devem dinheiro a seu pai, entregar espadas para nobres, buscar encomendas para donzelas e, por que não, passear à beira rio com uma bela jovem?

Crescendo na Idade Média

Você começa o jogo extremamente pobre. Filho de uma família humilde, Henry tem pouquíssimos recursos. De equipamento você terá basicamente uma roupa comum e, na melhor das hipóteses, uma adaga velha. Na Idade Média a sociedade se dividia entre nobreza e plebe. Esta última era dividida entre trabalhadores variados (carpinteiros, ferreiro, armeiros, tecelões, taberneiros etc.) que ganhavam muito pouco. Praticamente o necessário para sobreviver. Toda a riqueza era concentrada nas classes mais altas, como os nobres (herdeiros de famílias ricas, que geralmente eram senhores feudais), clérigos (olha a igreja aí) e reis.

Portanto, a ascensão era nula ou muito difícil (era assim naquela época e é assim no jogo). A cada missão você será recompensado com um pequeno punhado de moedas que mal dará para comprar uma lockpick no comerciante local. Sabe aquela full plate armor bonitona que você acha que todo guerreiro tinha na Idade Média? Esquece. Se você optar por servir o exército local, seu kit inicial para realizar patrulhas e pequenas tarefas será uma camisa reforçada, uma bota nova e um tacape. Sim, um tacape. Espada? Na melhor das hipóteses você roubará uma de um agressor após uma batalha. Ou roubando de alguém, se você escolher fazer um ladino no jogo.

Desenvolvendo seu personagem

Aliás, em Kingdom Come: Deliverance não há classes. Há habilidades gerais que você pode desenvolver ao longo do jogo. Ex: conversar com as pessoas aumentará seu speech (basta conversar com os personagens do jogo), correr aumentará sua agilidade e atacar ou defender ataques melhorará sua força. Assim que essas (e ouras habilidades) aumentam, você consegue aprender novas habilidades.

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A progressão é extremamente divertida e acontece de maneira natural. Comparado a outros RPGs, a evolução é lenta. Mas para o universo de Kingdom Come: Deliverance ela se ajusta perfeitamente ao ritmo proposto.

Sistema de batalha surfou em For Honor

O combate em Kingdom Come: Deliverance é profundo e, digamos, moderno. Diferente do ataque e defesa clássico dos RPGs, aqui temos um sistema de ataques e defesa, sim, mas também de direções dos ataques e das defesas. Lembra um pouco o sistema de For Honor, porém com mais elementos. Além de atacar e defender, é possível também contra-golpear (desde que você defenda no momento exato), se esquivar e até realizar fintas. Tudo depende, é claro, do nível de habilidade do seu personagem.

Personagens com grande força conseguem realizar mais ataques, combos e dar mais dano. Já os mais ágeis terão facilidade em se esquivar e flanquear seus oponentes. Além disso, em Kingdom Come: Deliverance é possível usar arco e flecha para duelar, caçar e muito mais.

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Novos elementos de sobrevivência

Para manter o clima de dificuldade ao qual o jogo se propõe, Kingdom Come: Deliverance traz sistema de sobrevivência que não são muito comuns a jogos do gênero, mas que casaram super bem com o jogo. São os sistemas de sobrevivência. Com eles, Henry precisa dormir, se alimentar e, em alguns casos, se banhar para que possa ter todos os seus atributos 100%.

Dormir e se alimentar afetam diretamente atributos como agilidade, força e resistência (algo como stamina). Já a higiene corporal afeta alguns diálogos e situações do jogo. As vezes uma simples enxaguada no rosto já resolvem. Porém, em outras, você terá que tomar um verdadeiro banho para completar determinada tarefa.

O cenário perfeito para nossa aventura

Em um primeiro olhar, Kingdom Come: Deliverance pode não impressionar. Porém, conforme você explora o jogo e conhece todo o gigantesco mundo que o cerco, é que a beleza do jogo se sobressai. Florestas densas, montanhas cheias de vida, rios, terrenos descampados, castelos, vilas, moinhos, acampamentos…

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Tudo em Kingdom Come: Deliverance é muito bem detalhado e pensado. A natureza é vasta. Claro, estamos na Idade Média e ainda não conhecemos as cidades superpopuladas que em breve dominarão o cenário. Tudo é vasto e muito bem harmonizado.

Construções belíssimas e bem detalhadas

É comum, em jogos de mundo aberto, nos depararmos com construções similares. Afinal, não é tarefa simples ficar desenhando locais únicos para cobrir tanto espaço. Porém, a equipe da Warhorse Studios e da Deep Silver fez bonito ao criar cada detalhe em construções das mais diversas. Até o momento deste review eu já visitei umas 8 cidades em Kingdom Come: Deliverance e posso garantir que em cada uma delas encontraremos diferentes formatos de castelos, fortificações, casas e muito mais.

Bugs bizarros

Kingdom Come: Deliverance tem um único, mas gravíssimo, defeito: os bugs. Infelizmente não são aqueles bugs “simples” e engraçados que deformam NPCs ou fazem objetos voarem. Aqui o bug é no nível de não deixar você evoluir no jogo. O primeiro bug que me travou foi durante um treinamento que eu precisava fazer. No meio das tarefas o botão de ataque simplesmente não funcionou, impossibilitando a evolução na missão. O segundo e derradeiro que me fez parar de jogar até que saia uma atualização foi que o personagem não consegue atirar uma flecha.

Eu gostei tanto do jogo que tentei seguir sem atirar com arco e flecha. Mas, infelizmente, a missão em que eu estava exigia o uso do armamento e eu decidi dar por encerrada minha participação em Kingdom Come: Deliverance. Foi a primeira vez que um bug interrompeu meu desenvolvimento em um jogo. É um problema grave, que compromete a jogabilidade e a qualidade final do jogo.

Lembrando: testei esse jogo no PS4. Pelo que tenho lido em outro lugares, no PC ele roda sem boa parte desses bugs.

Conclusão

Kingdom Come: Deliverance é um senhor jogo. A imersão em uma Idade Média violenta, fria e cruel e incrível. Você realmente se sente vivendo naquela época. Sons, construções, diálogos, modos de viver, enfim, tudo te leva para dentro da Europa na Idade Média.

Certamente Kingdom Come: Deliverance é o jogo que mais me encantou em 2018. Infelizmente ele tem bugs que comprometem gravemente a jogabilidade (no meu caso, no PS4). É triste, mas recomendo que os jogadores esperem um pouco até que sejam lançadas novas atualizações que deixem o jogo jogável, sob o risco de você desembolsar um investimento que não é pequeno e ter sua experiência interrompida por um bug qualquer.

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game = [Kingdom Come]

game = [Deliverance]

info = [Lançamento: 13/02/2018]

info = [Produtora: Warhorse Studios]

info = [Distribuidora: Deep Silver]

plataformas = [PS4, Xbox One e PC]

nota = [3/5]

decisão = [Aguarde as correções]

texto = [Poderia ser o melhor jogo do ano]

texto = [mas os bugs atrapalham]

positivo = [Enredo]

positivo = [Jogabilidade]

positivo = [Imersão]

negativo = [Bugs]

}}

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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