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Análise: GreedFall um RPG Picanha, porém sem sal e gordura

Tudo que um RPG precisa, menos a graça.

Primeiramente, iremos começar com um exercício. Pensem em todos os atributos que um RPG robusto precisa ter. Se você pensou em diálogos que conduzem e modificam a história, um bom sistema de batalhas, classes bem definidas, sistemas de evoluções que influenciam o jogo e bem feitos, entre outros, GreedFall tem. Todavia, tudo muito pragmático, parecendo ter sido desenvolvido baseado em um “check list”. Entenda em nossa análise de GreedFall.

Desde já, não há outra maneira de conduzir a análise de GreedFall a não ser da mesma forma que o jogo é. Sendo pragmático e metódico. Separarei item a item a ser analisado mostrando todos os pontos positivos e, ao passo que, conduzimos a análise, evidenciarei seus pontos negativos.

Uma breve introdução da história

O jogo se ambienta em um mundo em desenvolvimento, em exploração. Como se fosse a época das grandes navegações. A medida que você avança, o mapa múndi é aberto. Você está na pele de um emissário da congregação de comércio, com parentesco da realeza, escolhendo personagem masculino ou feminino você será mencionado ou chamado pelo seu sobre nome (boa sacada), De Sardet.

O mundo está com uma praga, e pleno desenvolvimento, a Pestegris. O que já está contaminando bastante seu continente inicial e a missão principal do jogo podemos dizer que se baseia nisso. Vá em busca da cura. Enfim, como disse antes, a análise será mais técnica e burocrática, pois o que é evidenciado no jogo é a tentativa frustrada ou não, vai depender do seu gosto, de tentar fazer um super RPG, com elementos além da conta.

Um jogo que tenta definir o que é RPG

A partir daqui, tentarei mostra você leitor (a) a quantidade de atributos de RPG que o jogo oferece, entretanto, são justamente nesses exageros de atributos que o jogo se perde. Citarei o máximo trazendo o máximo também de analogia com outros jogos (não só de games, mas de tabuleiro e cartas também).

Classes, XP, evolução, Build

GreedFall começa bem. Simples, três classes para escolher, gênero masculino ou feminino. Até aí ótimo, todavia já podemos começar a primeira analogia e a primeira “coisa legal”, mas que na minha opinião não funciona para o game. Assim como em AD&D, jogo clássico de RPG, você escolhe uma profissão/classe e segue nela, a vida toda. Tenho campanha de 10 anos em AD&D sem conseguir mudar a profissão devido a dificuldade de evoluir e aprender habilidades novas. GreedFall segue o mesmo esquema. Escolheu guerreiro, praticamente diga adeus a aprender algo diferente, a não ser que, passe muitas horas jogando. A evolução é lenta e os pontos a serem distribuídos entre as três formas de evolução atributos, habilidade e talentos são muito difíceis de conseguir.

Porque é legal? Porque você faz a build de um guerreiro, fica muito forte e faz muita diferença nas batalhas por exemplo, você se torna um especialista. Por que é ruim? Porque pra eu simplesmente usar uma bota boa você preciso de pontos tolerância, para trocar de arma de tiro precisa de pontos de precisão, para fazer uma poção precisa de pontos de ciência. E nada disso faz parte da build de um guerreiro. Um exemplo, sem spoiler, em uma determinada missão precisei fazer uma poção, eu estava no level 11, para eu ganhar o único ponto de ciência necessário que está na “casa” dos talentos eu precisava de mais 3 levels, quase desanimador, e era missão principal.

Party, Mapa, Viagens, Diálogos

Mais elementos de outros tipos de RPG. Agora vamos pensar nos J-RPG’s e nos clássicos de games como Final Fantasy, Chrono Trigger, por exemplo. GreedFall tentou também, parece até engraçado. Mas o jogo tem sua party (sua equipe) com personagens legais, com histórias e boas habilidades, tudo customizável. O mapa local você se acostuma, mas se tratando do mapa múndi é muito prático, com as viagens para longe não sendo cansativas. Pelo contrário, muito simples de seguir suas missões através delas. Os diálogos lhe darão muitas opções, são ponto fundamental na conclusão das missões e interferem diretamente na condução do seu gameplay.

Por que é legal? Porque mais uma vez vemos todos elementos que nós fãs de RPG gostamos, alguns até melhorados, como o sistema de viagens. Por que é ruim? Porque é coisa demais. Não consegui ver diferença em quem escolher para minha party, a não ser em algumas missões que um padre não pode entrar em tal vila ou algo assim. Os diálogos então nem se fala. Pensem em um Shenmue com muito mias falas. É muito cansativo, é muito diálogo, o jogo não sabe o que quer. Se quer focar na ação ou se quer focar e desvendar tramas. E o pior, não ouse pular muito os diálogos, eles realmente te ensinam como completar as missões, ainda mais próximo ao final do jogo. Ok, do mapa não tenho o que dizer, é bem bonito e a bússola ajuda legal a se localizar e encontrar seu caminho, ponto pra GreedFall.

Batalha, Turnos, Mecânica, Movimentação

O melhor ponto do jogo: batalha. O sistema é bem legal, é em clima de ação porém com um botão de pausa técnica pra dar uma respirada e pensar o que fazer. Tem uma marcação meio falha mas possível de se acostumar. Ou seja, tem e não tem turnos, depende de você. A inteligência artificial de seus companheiros é muito boa durante as batalhas, eles realmente te ajudam. E como todo RPG você pode evitá-las no seu caminho, como se fosse um clássico “escape”. Armas secundárias podem ser usadas, ataques de perto e de longe e um ataque de fúria, uma espécie de especial. Existe também a armadura dos oponentes e armas mais eficazes para quebrá-las, se você dominar isso as batalhas se tornarão mais fáceis, um bom elemento. Mais uma vez trazendo tudo que um RPG deveria ter.

Por que é bom? As lutas contra os chefes são sensacionais, os monstros muito bem elaborados e tora tudo muito tático, eu colocaria facilmente no meu top 10 batalhas contra chefes. Por que é ruim? Inimigos repetitivos, uma movimentação estranha, sem muita lógica. As vezes é um sacrilégio simplesmente saquear um corpo de um inimigo no chão, além disso, a câmera não ajuda muito. Apesar de que, tudo é “acostumável” e não tira tantos pontos do jogo no meu ponto de vista.

Outros elementos

Assim como todo RPG, GreedFall trás missões secundárias e primárias, todavia as secundárias se tornam obrigatórias para que você evolua, caso queria usar mais um atributo de RPG clássico, os trades. Isso se dá devido ao fato de o jogo não ser muito generoso com dinheiro e as coisas são caras e difíceis de adquirir. Em resumo, além dos pontos de atributos para comprar uma nova espada ou usar um novo chapéu, você tem que ter dinheiro. Sua capacidade de carregar dinheiro vem só com a difícil evolução e ganho de XP. Deu pra sentir o quanto é burocrático? Os itens são classificados em verde, azul ou sem cor, que definem sua raridade. Tipos diferentes de poções e elementos para manipular as poções e melhoria de armas, mais elementos clássicos de RPG. Todos sem utilização, estão ali só por estar se você optar por jogar com um guerreiro por exemplo.

Gráficos

Parece um exame em um oculista, o famoso de longe de perto. De longe o jogo é lindo. Me refiro aos cenários, ao ambiente, a princípio um jogo da geração atual (jogamos no PS4). De perto é muito feio, os personagens são péssimos, realmente parece um jogo da geração passada. Tenho certeza que minha personagem é cega, porque ela não olha pra quem ela conversa, ou possui algum distúrbio de timidez extrema. Um brilho estranho envolve os personagens, realmente pra quem gosta e está acostumado a ver beleza nos personagens, na feição irá se decepcionar muito, é o ponto mais negativo do jogo. Beira o amadorismo. E se é um jogo que preza tanto pelo diálogo, isso deveria ter sido levado em conta.

Vale lembrar que mesmo assim é um salto gigante da produtora do jogo, Spiders Studios. Ela coleciona alguns jogos com os mesmo problemas, mas é inegável que houve uma grande tentativa em acertar, e que o jogo pode sim agradar. Aqui o site oficial do estúdio Francês.

Abaixo um gameplay feito pelo nosso querido chefe Leonardo Coimbra, ressaltando que é ele, porque não jogo tão mal. Em seguida algumas imagens para que tirem suas conclusões quanto aos gráficos.


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RPG com tudo de RPG

Visual, ambientação e gráficos - 6
Jogabilidade - 6.5
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 7.5
História e imersão - 6

6.8

Passou do ponto, burocrático pode desanimar quem não é fã do gênero

Já que citamos tantos elementos de RPG a conclusão é a seguinte: uma bruxa estava com seu caldeirão querendo fazer o RPG perfeito, e foi adicionando coisinhas, um pouco de J-RPG, um pouco de Jogo de tabuleiro, um pouco de clássicos dos games, um pouco de tudo. E no final, saiu sem gosto. Apesar disso parecer uma crítica dura, não é. O jogo não é ruim. Não há como negar, pra quem gosta do estilo logicamente terá seus momentos de diversão, pois eu como fã não me cansei de jogar, mas é preciso lembrar a Spiders Studios que as vezes menos é mais.

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Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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