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Análise: Moons of Madness é terror espacial e gráficos 10

A pitada de Lovecraft ajuda, mas não aprofunda

Que tal pegar a exploração espacial, juntar um pouco de um terror fantástico e uma pitada de drama pessoal? Tal combinação tem muito ingrediente importante para preencher tudo o que um jogo de narrativa precisa e ainda oferece oportunidades para um gameplay bom, repleto de dinamismo. Confira nessa análise de Moons of Madness se o game aproveita o melhor de suas fontes e entrega uma experiência completa.

Casos de família

A história do jogo inicia com alguns pequenos incidentes operacionais na rotina dos astronautas, assim como a maioria das obras com temática espacial. Picos de energia, ou alguma tubulação que se rompe, ou até um vazamento de oxigênio aqui e acolá… Nada fora do que estamos acostumados e, assim como em outras obras, ao começarmos a dar cabo dos problemas e a fazer essas pequenas intervenções, logo descobrimos um plano um tanto megalomaníaco.

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Esse plano envolve a criação e a potencialização de seres híbridos de plantas e animais trazendo, então, os conhecidos monstros de HP Lovecraft para a cena. Tentáculos começam a tomar conta da estação marciana, plantas mortíferas e gigantes se alastram como uma praga por todos os cantos. Para piorar, tudo isso parece estar ligado a algo enterrado em Marte além de um sinistro complô corporativo, mostrando que esses segredos são muito mais profundos do que parecem inicialmente.

Ao tentarmos entender melhor o que está por trás de todos esses desdobramentos, acabamos achando pistas de que a mãe do personagem principal está, de alguma forma, envolvida. Neste momento, é quando o jogo traz um peso de um drama mais intimista e familiar para a coisa.

Com toda essa mistura, o game te guia por mais ou menos 8 horas, se aprofundando tanto em Marte, quanto na sua própria base descobrindo segredos pessoais, corporativos e sobrenaturais.

O verdadeiro porém, nesse caso, fica para o fato de que nenhum dos três eixos do jogo é explorado da devida maneira. Os monstros de HP Lovecraft poderiam ser um prato cheio para momentos de ação, mas o game não tem gameplay de combate, nem mesmo indireto. A exploração espacial acaba ficando muito linear e os desafios astronautas acabam arriscando pouco, logo você percebe que não tem tanto perigo assim. Por fim, o drama pessoal fica um pouco mal explicado e explorado, deixando muitas pontas abertas.

Ruim? Jamais, mas poderia ser muito melhor se houvesse um foco mais palpável em determinada linha e aproveitar o resto como conteúdo auxiliar.

Marte, o planeta vermelho

Ao contrário do recente e magnífico Outer Wilds, que procurou dar a sua aventura espacial um tom mais cartunesco, Moons of Madness foca bastante em um visual super realista. E para isso, as equipes da Dreamloop Games e da Rock Pocket Games não mediram esforços. Desde os momentos iniciais do jogo até o último segundo, há um capricho incrível com toda a questão visual e sonora.

Para tal, os desenvolvedores investiram pesado nos pequenos detalhes construindo ponto a ponto toda a experiência marciana. Desde a base onde os astronautas vivem e realizam suas pesquisas, passando pelo planeta arenoso e avermelhado até as ruínas de seus descobrimentos, nada fica devendo. O ultra-realismo gera uma imersão incrível e uma sensação de pertencimento e de urgência.

Senti, porém, um pouco de falta da influência dos personagens em algumas áreas da estação ou até do veículo que usamos para navegar pelas areias de Marte. Digo isso, pois acredito que, depois de tanto tempo morando no local, as pessoas dariam um ar mais pessoal e aconchegante ao recinto. Esses toques pessoais dariam mais valor ao cenário e acrescentariam mais carisma aos personagens. Afinal, todos nós procuramos nos identificar, de uma forma ou de outra, com os personagens dos jogos e filmes que consumimos.

E o terror?

Para quem procura esse tipo de jogo buscando uma aventura de suspense e terror, Moons of Madness dá conta do recado, mas como já dito: poderia ser melhor. Sem saber exatamente que gênero seguir e aproveitar ao máximo, o game também não sustenta muito os sustos e a atmosfera sombria.

Não me leve a mal, eu levei muitos sustos nesse game e em muitos momentos fiquei me cagando de medo, principalmente no início.

Porém, todos os sustos acabavam se tornando previsíveis depois de um tempo, pois se repetem em um padrão muito conhecido. Existe muito pouco do que considero uma atmosfera de suspense constante, que te deixe aflito e com medo de entrar em uma sala, espiar um corredor ou abrir uma escotilha. A razão é tanto a questão de que o jogo traz pouco desafio, devido a linearidade da coisa, e de que a ambientação em si que não consegue afundar o gamer na atmosfera de medo.

Por outro lado, o game oferece bons quebra-cabeças para seguir adiante. Há, pelo menos, um importante desafio em cada capítulo do jogo, além de outros mais simples ao longo do caminho. Dessa forma, a ausência de um sistema de combate consegue ser compensada. Não é apenas um jogo em que você anda e ouve histórias, mas sim um game de fato, que exige do player mais do que horas dedicadas à TV ou monitor.

Conclusão

Entre erros e acertos, Moons of Madness entrega! O jogo é bom e é divertido e vale muito a pena! Principalmente porque custa R$ 49,99 na Steam e cerca de R$ 90,00 nas lojas dos consoles. Ou seja, metade de um lançamento AAA padrão. Para quem gosta de visuais deslumbrantes ou jogos de suspense, esse é escolha certa. Para os que procuram uma imersão em HP Lovecraft, podem ficar desapontados, pois deixa muito a desejar. E se você busca uma ação desenfreada ou mais dinâmica, pode passar longe.

Essa análise de Moons of Madness foi feita em PC, mas o jogo está disponível também para PS4 e Xbox One.

Terror em doses homeopáticas

Visual e gráficos - 9.5
Jogabilidade - 7
Diversão - 8
Ambientação - 8
Trama e roteiro - 7

7.9

Muito bom!

Entre erros e acertos, Moons of Madness é divertido e cativante. Seus visuais são de dar inveja em muito jogo AAA.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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