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Análise: Série The Witcher tropeça, mas tem futuro

Começo fraco e final eletrizante marcam a primeira temporada

Obras que fizeram sucesso em livros ou outras mídias sempre enfrentam um difícil dilema quando adaptadas para as telonas: escolher a fidelidade ou uma adaptação para o novo meio. Por um lado a primeira opção agrada fãs de longas datas, mas tende a perder em qualidade, pois livros e games não são TV. A segunda opção é mais atrativa às novas audiências e normalmente tem um roteiro mais coeso e coerente. Não existe certo ou errado, mas sim escolhas e consequências ambas de formato e público alvo. A série The Witcher escolheu ser o bastante fiel aos livros e quase paga caro por isso. Leia abaixo nossa análise da série The Witcher.

GOT da Netflix?

Alguns compararam The Witcher à série Game of Thrones (GOT) da HBO, mas já aviso que as aventuras de Geralt ainda estão muito longe de ser um GOT. The Witcher claramente tem menos recursos que a série da HBO e isso faz toda diferença em obras medievais e com muitos efeitos especiais. Da mesma maneira, a escolha de tentar ser o mais fiel possível aos livros resultou em roteiros com muitos tropeços e alguns atores inexperientes tornaram o desenvolvimento de certos personagens cambaleantes.

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A série do bruxão na Netflix escolheu mostrar os contos dos primeiros livros durante esta primeira temporada. Para contar essas peripécias de Geralt, que acontecem em espaços de tempos longos e sem um fio condutor claro, a série optou por inserir uma outra linha do tempo. Isso porque a série poderia cair em episódio desconexos e ficar sem um pano de fundo que prendesse a audiência para as temporadas seguintes. Para resolver esse problema a segunda linha temporal cumpre o papel de amarrar a trama geral da série levando os personagens e a política daquele mundo adiante.

Tropeços

Entretanto, como o foco dessa primeira temporada é basicamente apresentar os personagens, essa segunda linha temporal acaba ficando extremamente confusa nos primeiros três episódios. Essa confusão se dá por causa de cenas curtas, diálogos apressados (e até mesmo bobos) e falta de informação. O primeiro episódio, em especial, foi quase um tiro no pé. Efeitos especiais fracos, má apresentação de personagens, atuações duvidosas e erros técnicos de produção me fizeram duvidar até mesmo da seriedade do seriado. O ponto mais importante de todos os oito episódios é tão mal explicado que diversas pessoas perguntaram pela internet que diabos é a tal Lei da Surpresa.

Por sorte, a partir do segundo capítulo é evidente a crescente qualidade em cada um desses aspectos. O quarto episódio, em especial, tem um papel fundamental quando começa a colocar ordem nas cenas, até então bem desconexas, e preparar o terreno para o bom desfecho da primeira temporada no episódio 8.

Amor e ódio

Henry Cavil está muito bom como Geralt, até mesmo sua voz um tanto forçada caiu bem para agradar os fãs do bruxo. Sua caracterização está implacável, como o personagem é, tanto nos games quanto nos livros. Contudo, não pude deixar de me incomodar com alguns exageros que tornam ele uma caricatura em algumas cenas… Joey Batey está excelente como Jaskier (Dandelion nos games) e serve tanto como alívio cômico quanto como o fio restante de humanidade dentro de Geralt.

Mas é Anya Chalotra interpretando Yennefer que salvou a primeira temporada de um possível fiasco. Enquanto que os acontecimentos do mundo parecem um caos nos primeiros episódios, acompanhar a desgraçada vida de Yen e sua superação até virar a feiticeira que tanto conhecemos, é o que mais nos prende na trama de pano de fundo. Contudo, alguns fãs podem achar estranho, pois muito do que é contado aqui é novidade real. A atuação da jovem Anya Chalotra revela em seu olhar, e até mesmo em sua postura, a transformação pela qual a personagem passa até o final arrebatador no episódio 8 (sem spoilers aqui).

Veredito

Contudo, The Witcher acaba nos oferecendo um futuro promissor, mas é preciso passar por essa primeira temporada. Além da trama terminar suficientemente bem amarrada com dois bons desfechos de personagens, as reviravoltas políticas desse fim de temporada deixam abertos muitos caminhos para uma história de qualidade a partir da segunda. Particularmente, espero que sigam fieis ao que The Witcher já contou em livros e games e, ao que parece, a série vai mesmo fazer isso. Com o sucesso dessa primeira temporada, até podemos torcer para um investimento maior por parte da Netflix para os próximos episódios e ver algo ainda mais grandioso a partir do segundo ano.

Entre erros e acertos...

Nota Final - 6

6

Passa no teste

Roteiros confusos, personagens mal desenvolvidos e baixo orçamento atrapalham, mas série ganha fôlego no final e deixa um futuro promissor.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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