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Análise: Oddworld Soulstorm é um ótimo remake, lançado antes da hora

Oddworld Soulstorm é mais do que um remake. Eu diria que é mais uma “re-imaginação” do original que foi lançado lançado 22 anos atrás. Isso porque o jogo basicamente só se mantém fiel à história de sua versão original. Portanto, todo o resto pode ser considerado fresco e novo. A razão por trás dessa mudança drástica tem a ver com questões de mercado e a barreira tecnológica da época. Ambos impediram a equipe de entregar o que haviam inicialmente planejado. Evidentemente que a diferença ficou enorme, tão grande que os produtores da Oddworld Inhabitants consideraram que “Soulstorm foi o sonho realizado“. Veja aqui nessa análise (review) de Oddworld Soulstorm se tal sonho valeu a espera.

Oddworld Soulstorm já está disponível para PS4, PS5 (onde fizemos nossa análise) e para PC. A análise de Oddworld Soulstorm fooi possível graças a uma chave cedida pela produtora.

O Messias

A trama se passa logo depois do game antecessor chamado Oddworld: New ‘n’ Tasty, onde Abe segue seu destino messiânico e revolucionário de salvar os Mudokons da escravidão e opressão corporativa. Não é necessário jogar o título anterior porque a abertura do game consegue contextualizar o suficiente para entendermos do que se trata e seguirmos adiante. Aliás, justamente durante a abertura, já vemos de cara o altíssimo nível das cutscenes. Pouquíssimos jogos entregam cenas tão bem feitas, com relevância para o desenvolvimento da história e de seus personagens.

Abe, o personagem principal, é o cabeça da revolução dos Mudokons escravizados. Assim, ele acaba sendo considerado como um Messias sendo seguido, idolatrado e responsabilizado por salvar seus iguais. Logo, é evidente que essa é a principal premissa e mecânica que vai abarcar o jogo do início ao fim. Ao longo de mais de quinze longas fases, você poderá salvar 1400 Mudokons e a sua atitude em relação a eles vai definir seu carma.

Tal Carma é essencialmente um termômetro para que o jogo defina qual tipo de final você vai ter. Sim, Oddworld Soulstorm conta com múltiplos finais. Portanto, se você for um egoísta estúpido, terá um final a sua altura (e um tanto precoce). Caso decida por ajudar seus seguidores libertando o máximo deles possível, o jogo avança e você terá outras opções tanto dentro das fases quanto de fim de jogo.

Morrer, escoltar, repetir e frustrar-se

Para tal missão você deverá libertar seus adoradores de prisões, curar seus machucados e até simplesmente liberá-los do trabalho que estão realizando de forma automática – ao longo das fases. Eles te seguirão em fila e obedecerão a comandos simples como parar, seguir, ser agressivo ou passivo. Ao contrário do jogo anterior, que os Mudokons eram alvos totalmente passivos, aqui há um pouco de jogo de equipe. Portanto, se prepare para pensar muito em algumas situações, usar seus seguidores para resolver quebra cabeças, para salvar uns aos outros e para abrir caminho para você.

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Apesar dessa mecânica interessantíssima, porém, nem tudo são flores. Pelo contrário. O que inicialmente se mostra como uma mecânica muito boa e bem lapidada, logo se mostra problemática quando você enfrenta momentos de frustração por causa de bugs (muitos bugs). O jogo parece não ter sido trabalhado o suficiente para alcançar a data de lançamento e o resultado dessa pressa afetou justamente a principal mecânica do jogo em alguns momentos cruciais.

Aliados estúpidos

Maior exemplo disso é o fato de que os Mudokons libertos são extremamente burros, apesar de muito inteligentes nas cutscenes. A inconsistência de ação e reação deles faz com que você não possa confiar neles 100% e, por mais que você monte a estratégia perfeita, eventualmente um deles vai fazer um movimento errado e todo seu planejamento vai pelos ares. Dessa forma, o resultado muitas vezes é extremamente frustrante, me fazendo questionar até mesmo se o game design como um todo seguiu em uma direção correta. Felizmente outros momentos mostram que sim, o que é um alívio.

Outra importante mecânica é a habilidade sobrenatural de controlar os inimigos. Com isso você pode fazer os Sligs (nome da maioria dos inimigos) atirarem uns nos outros, abrirem portas e se suicidarem em um precipício. Essa possibilidade gera uma gama de opções em como abordar determinas situações e deixa tudo muito mais interessante. Por outro lado, infelizmente logo essa habilidade fica quase inútil haja vista que o game é recheados de dispositivos inimigos que anulam esse seu poder forçando você a trabalhar apenas com seus seguidores Mudokons.

Para piorar, o sistema de checkpoints é contraditório em sua essência. Ele te ajuda muito, pois existe muitos pontos de save, mas quase 90% deles estão em locais mal otimizados. Exemplo comum é um checkpoint estar logo antes de algumas latas de lixo, armários e outros objetos que fuxicamos para buscar itens e materiais. O problema disso é que sempre que morremos (e morre-se muito neste game) voltamos para antes de fuxicarmos todos esses objetos e construir itens de novo, assim, temos que repetir, repetir e repetir movimentos bestas gastando tempo precioso da aventura e da imersão.

Mundo Imersivo e Vivo

O mundo de Oddworld Soulstorm é riquíssimo e extremamente bem feito. Como disse antes, desde a cutscene inicial já temos uma pitada do que vem pela frente e, nesse quesito, o jogo não deixa barato. Os gráficos são muito bons (especialmente no PS5) contando com cenários cheios de detalhes e com muita interação. Soma-se a isso o fato de que as fases não seguem uma linearidade horizontal e tudo fica ainda mais dinâmico e, consequentemente, bonito.

Ou seja, é muito comum a verticalização e profundidade de campo recheada de interatividade. Subimos, descemos, vamos para outras áreas, idas e vindas, e quase todas as partes se interligam de forma que o fundo do cenário nunca é estático e sim partes da fase que, inclusive, já percorremos (ou iremos percorrer em breve).

Além disso, a direção de arte é de um primor que torna praticamente tudo isso que vivenciamos e sentimos no controle em um quadro digno de se emoldurar e de se viver. E a cereja do bolo da imersão fica para o fato de que a música do jogo é praticamente uma junção de batuques, sons de maquinário, pressão e vapor e o cenário se torna ainda mais vivo e imersivo.

A história que segura todas as pontas

A revolução de Abe foi assunto do jogo passado e o começo de Oddworld Soulstorm é o início do contra-ataque mortal dos Glukkons e seus impérios corporativos escravagistas. Os primeiros momentos do jogo mostra uma incursão sanguinolenta a um refúgio de rebeldes. Dessa forma, o jogo todo é uma grande fuga e resgate desses revolucionários indefesos ou presos. Ao mesmo tempo, eles acabam descobrindo mais planos desumanos (ou seria desmudokons?) para exterminar qualquer unidade rebelde. Mas sem spoilers por aqui.

Tamanha crueldade empurra Abe e seus amigos em direção a uma busca por alguma forma de conseguir lutar de volta e não somente fugir e fugir sem esperanças de um fim. E é a partir de então que o jogo fica ainda mais empolgante. Conforme a resistência vai ganhando sustância e força, mais o mundo do jogo fica evidente como uma distopia capitalista em um mundo de colapso ambiental e das relações civilizatórias.

Tudo isso ao lado de Abe, claro, que é um jovem extremamente carismático. Um ex-escravo que se tornou um líder por acaso e isso é revelado em todos os aspectos da construção do personagem. Desde a maneira de falar com seus aliados, passando pelas expressões faciais humildes e seus ombros caídos. Abe tem medo, receios, se mostra sem esperanças muitas vezes, assim como todos nós. Portanto ele é capaz de gerar muita empatia, principalmente porque seus defeitos não o impedem de cumprir o seu papel e de ser o altruísta que vai salvar o povo da miséria e da exploração. Um herói de verdade.

Veredito

Como podem ver, o game acerta e erra em muitos pontos. Acho que ele poderia ter ficado mais uns meses em desenvolvimento para melhorar algumas coisas e optar por decisões melhores de game design. Muitas vezes os bugs frustrantes, os comandos não tão responsivos, a burrice dos Mudokons e alguns erros de game design vão te deixar P$%¨2@ da vida. Por outro lado, o game é um desafio muito divertido e instigante e Abe, a história e o universo rico e vivo de Oddworld Soulstorm conseguem amarrar bem as pontas soltas e compensar bastante.

Protagonista Abe

Essa análise de Oddworld Soulstorm segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Oddworld Soulstorm está no caminho certo

Visual, ambientação e gráficos - 8
Jogabilidade - 6
Diversão - 7.5
Áudio e trilha-sonora - 8
História e Roteiro - 8

7.5

Bom

Oddworld Soulstorm é mais do que um remake. Eu diria que é mais uma "re-imaginação". Apesar de alguns erros frustrantes, o game é um desafio muito divertido e instigante com um protagonista carismático, história e o universo ricos que tornam tudo muito legal.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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