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Análise: Série Halo acabou sendo… Halo até demais

Ontem, 19 de Maio, o episódio final da primeira temporada de Halo (Paramount+) foi ao ar e deixou muito a desejar, infelizmente. O início da série deu uma boa sustentação para ambos fãs e leigos em Halo, conforme escrevi na preview dos dois primeiros episódios (clique aqui). Contudo, esse potencial da obra ficou pelo caminho quando ela optou por focar excessivamente em seu protagonista e, ainda assim, falhar neste objetivo. Entenda nessa análise (review) completa da série de TV de Halo os prós e contras dessa tão aguardada adaptação dos games.

ATENÇÃO: Essa análise da série de TV de Halo contém muito spoilers. Portanto, leia por sua conta e risco.

Um bom começo

Halo começou bem, pois o primeiro episódio nos apresentou elementos suficientes para explorar tanto os fãs de longa data quanto a recém chegada audiência. A introdução da uma protagonista inédita chamada Kwan Ha (Yerin Ha) foi uma excelente escolha dramática para incluir leigos em Halo. Além disso, seu arco apresentava os rebeldes do planeta Madrigal, um grupo oprimido que luta por liberdade. Ou seja, receita excelente para atrair a empatia de qualquer nova audiência.

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Pelo lado dos Spartans os famosos guerreiros da franquia Halo, nada a reclamar, pois eles foram apresentados da devida maneira. Chegando dos céus como uma salvação, demonstrando suas habilidades sobre-humanas em uma sequência de ação de tirar o fôlego e excelentemente dirigida. Tal cena teve até direito a visão em primeira pessoa, uma homenagem direta aos games, e que foi muito bem utilizada ao longo da temporada. Ou seja, Master Chief (Pablo Schreiber), Kai (Kate Kennedy), Vannik (Bentley Kalu) e Riz (Natasha Culzac) deram um show para os viciados na franquia. Portanto, até este momento tudo parecia apontar para um bom caminho para série, para leigos e para os fãs.

Os esquecidos

Apesar de ser a primeira protagonista exibida na série, Kwan Ha acaba se parecendo mais como um personagem coadjuvante. Isso porque seu arco dramático nem sequer chega a ser um arco tamanho descaso. Se juntarmos todo o seu tempo de tela, não deve dar muito mais do que um episódio. Pois é, a protagonista responsável pelo primeiro ato de rebeldia de Master Chief, quando este ignorou uma ordem direta de executá-la, foi deixada de lado. Aliás, rebeldia essa que foi estopim de todo o drama da série, ou seja Kwan Ha deveria ter muito mais importância. Episódios pilotos criam um acordo com os fãs e, nesse caso, Halo quebrou esse acordo em relação à relevância de Kwan Ha, lançando ela em uma trajetória quase de esquecimento.

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Kwan Ha foi empurrada de um lado para o outro entre Chief e um ex-Spartan chamado Soren (Bokeem Woodbine) que mais pareciam querer se livrar de um peso de mochila do qualquer outra coisa. Sem proatividade alguma, com excessão de uns diálogos birrentos contra Soren, quem jurou ao Chief protegê-la, Kwan Ha só age de fato no final de sua aparição na série. Curioso, pois, é justamente neste mesmo momento que Soren decide ir embora, quebrando sua promessa ao Chief, em troca de uma grana. Ao fazer isso, a série ainda ainda enfraqueceu totalmente o desenvolvimento de Soren que chegou a contar com flashback sobre seu passado com Chief. Ou seja, esses flashbacks serviram para quase nada, pois apesar de fortalecerem inicialmente sua promessa de Soren, acabou tornando o personagem apenas um pirata sem palavra.

Desfoques e enfoques

Apesar da série nos ter feito crer em múltiplos desenvolvimentos de tramas complexas incluindo a de Kwan Ha, Soren e todo o planeta Madrigal e seus rebeldes nos primeiros episódios, o que ela fez mesmo foi focar no protagonista Master Chief. Isso por si só poderia ser uma ótima escolha já que a franquia de games Halo nunca foi muito famosa por desenvolver bem seus personagens, pelo contrário, tanto trama quanto seu protagonistas eram rasos. Ou seja, o lance era mais tiro, porrada e bomba. Contudo, até essa possível excelente decisão de trama e roteiro deixou a desejar.

Assista também nossa análise do game Halo Infinite:

O arco do Chief, apesar de ser o único realmente trabalhado com cuidado, também não se arriscou muito além da superfície. Com flashes muito rápidos do seu passado e não muito mais que isso, a audiência pouco tem a oportunidade de se conectar emocionalmente com ele. Aliás, tarefa essa que se torna ainda mais difícil com a mediana e caricaturada atuação de Pablo Schreiber (ou do trabalho fraco de direção de atores) em transmitir seus conflitos internos. Entendo que o receio de fragilizar Chief para a parcela dos fãs da franquia possa ter sido uma preocupação da produção, mas a escolha tem que ser feita e levada adiante. Ou seja, o que não pode é ficar uma temporada inteira em cima do muro traindo ambas as parcelas dos telespectadores.

Makee e uma nova esperança?

Makee (Charlie Murphy) teve o potencial de salvar a série de todos esses problemas e ser um ponto a dar nó em tudo isso. Resumindo sua história, uma criança abandonada pela raça humana em um planeta que é, literalmente, um aterro sanitário do universo, e que foi raptada pelos Covenants. Contudo, ao invés de prisoneira, ela parece ser tratada por eles como uma espécie de profeta, a chamam de Abençoada. Isso porque ela é uma das chaves (Chief é a outra) para encontrarem o Halo, o paraíso perdido no espaço sideral. Para tal paraíso, é claro, só os escolhidos merecem ir. Obviamente, para eles, os Covenants e não os Humanos são a espécie agraciada.

Ou não…

Então, Os Covenants eviam Makee para se infiltrar entre os humanos e, por dividir com Chief essa ligação sobrenatural com Halo, tem tudo para chacoalhar a série e o protagonista. Entretanto, mais uma vez os roteiristas preferiram navegar na superfície. Em poucos diálogos sem muita emoção, Makee parece convencida a ajudar um pouco os humanos e logo se apaixona por Chief (e vice-versa). A justificativa da súbita paixão ser parte da ligação misteriosa que os dois compartilham se sustenta fraca, pois aqui também o roteiro explora muito pouco dessa questão.

Aliás, os Covenants como um todo são praticamente inexplorados pela primeira temporada, assim como seu conflito com a UNSC (Comando Espacial das Nações Unidas). Mal sabemos o que está exatamente em jogo, pois a trama não nos dá sequer a chance de entender direito a cadeia de comando de cada lado, o que eles estão interessados de fato, o que pode vir a ser o Halo, como isso tudo começou, quais as implicações, crenças… nada. É tudo achismo da audiência ou dos personagens. O universo de Halo parece simplesmente algo genérico e arremessado na cara do expectador. Difícil se conectar dessa forma… Conforme podem reparar, a série explora muito pouco de tudo, uma eterna promessa.

Direção excelente e muita ação

Enquanto o primeiro episódio deu pitadas de que Halo tentaria agradar as duas audiências, ficou claro que, no fim, a preferência foi pelos fãs de longa data. O medo de aprofundar personagens, conflitos, grupos e espécies para criar tramas complexas são exemplos claros. Contudo, o que sacramenta o fato também acaba sendo um ótimo ponto da série: a dedicação minuciosa por parte da direção dos episódios em manter a ação de qualidade e com muitas referências aos games.

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Todas as cenas de batalha e lutas contam com excelente direção e coreografia. Sem o exagero de cortes como muitos filmes de ação atualmente fazem, Halo consegue situar a audiência em campo de batalha frenético e ao mesmo tempo deixar claro o que está acontecendo. Em nenhum momento ficamos confusos, pelo contrário. Com planos que se movimentam coerentes pelas batalhas mostrando detalhes com tempo suficiente para exemplificar do que os Spartans são capazes, aas cenas de ácão são o trunfo da série até agora.

As cenas de combate do último episódio são o ponto alto desse quesito, sendo superiores a muitos filmes de ação de altíssimo investimento por aí, perdendo para poucos. Aliás, tudo isso não seria possível sem uma equipe de efeitos visuais e especiais de primeira. Os Covenants convencem e não se parecem nem um pouco com aqueles CGIs baratos que estamos acostumados em série de televisão. Por fim, mesmo com cenários genéricos e pobres em detalhes, tudo nas batalhas tomam o foco na tela de tão belas e entregam mais do que esperamos. Portanto, vamos dar crédito onde é justo.

Halsey e Cortana

Séries precisam deixar pontos em abertos para desenvolverem ao longo das temporadas, mas Halo deixou até demais. Praticamente esquecer Kwan Ha, Soren e ser extremamente injusta com o arco da Makee são erros quase imperdoáveis. Contudo, vou reconhecer que a Doutora Halsey (Natascha McElhone), líder do projeto Spartans, e Cortana (Jen Taylor), Inteligência Artifical na mente de Chief, roubam a cena. Seja por dividirem o único arco dramático bem desenvolvido ou seja pela ótima atuação de Natascha McElhone, a verdade é que elas entregaram os únicos plot-twists memoráveis da temporada.

A megalomania de Dr. Halsey e a bizarra fusão de Cortana com Master Chief sustentam um leque de opções para os roteiristas explorarem muito bem na segunda temporada (já confirmada). Nenhuma dessas, contudo, vai resolver os problemas da série sozinha. É necessário ir além da superfície. Ou seja, trazer Madrigal de volta, Kwan Ha precisa ter seu protagonismo, Chief precisa ir mais fundo. É preciso se aprofundar nas relações da série e nos conflitos internos dos personagens para convencer as diversas audiências.

Veredito

A essa altura, vai ser muito difícil a série trazer de volta leigos após uma temporada de tantas promessas em vão. Isso por que tenho receio de que os fãs de Halo sozinhos não sejam suficiente para sustentar uma série que custa tanto para ser produzida. Eu queria muito ter gostado mais de Halo. Contudo, a série virou mais um exemplo de que grana, efeitos visuais e uma boa direção não são suficientes para disfarçar roteiros ruins.

Contudo, sou parte dos otimistas. Acredito fielmente que os caminhos abertos nessa temporada tem potencial para reverter os erros iniciais. Até porque, como mencionei, a série conta com uma equipe boa, diretores que fizeram um ótimo trabalho, uma base de fãs robusta e muito conteúdo original disponível. Vamos torcer juntos por uma segunda temporada arrasadora.

halo serie tv paramount analise review critica resenha nota vale a pena Dr. Halsey

Levemente acima da média.

Nota Final - 6

6

Falta profundidade

Segunda temporada tem muito a melhorar se Halo quiser se firmar como uma série de longo prazo. Contudo, as bases estão todas aqui, o potencial existe.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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