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Análise: Metal Gear Survive diverte em doses homeopáticas, mas deixa a desejar

Inquestionavelmente Metal Gear V foi um excelente jogo e mostrou toda a potência da Fox Engine que traz uma ótima mecânica, física e gráficos. Com tal poder em mãos a Konami adaptou o jogo de grande sucesso para um spin off que não deve ser levado muito em conta para a franquia (em termos de história e personagens). E antes de iniciar a análise tenho que deixar duas coisas bem claras:

1 – Em momento algum levantarei a bola entre Konami x Kojima. Irei avaliar o jogo por sua proposta e diversão.

2 – Por mais que a franquia tenha em sua veia o Tatical Espionage, esse título spin-off é um jogo de sobrevivência. A termos de comparação, boto ele no mesmo grupo de Dying Light por exemplo. Ou seja, não vou ficar levantando a bola de que não existe stealth e derivados.

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Vamos para uma outra dimensão

Quando você joga qualquer  jogo da franquia Metal Gear você irá esperar personagens icônicos como a Boss, Big Boss, Snake, Revolver Ocelot e muito mais. Para não botar o dedo na linha temporal da franquia, temos em Metal Gear Survive uma história com personagens desconhecidos e ouso dizer, fracos. Após os eventos em Ground Zeroes a Mother Base se encontra em frangalhos e um estranho buraco de minhoca aparece levando parte da base, pessoas e equipamentos para uma outra dimensão. Seu personagem (que você irá criar um homem ou uma mulher) irá morrer durante o ataque a Mother Base. Após ser ressuscitado de uma forma misteriosa, você se encontrará na Seção, um órgão governamental misterioso que está explorando os buracos de minhoca e esse outro mundo.

Como tudo gera em torno de energia e dinheiro, não poderia ser diferente em Metal Gear Survive. Nesse outro mundo (que é chamado de Dite) existe uma energia chamada de Kuban que é uma excelente fonte para o nosso mundo. Sua missão será investigar o que aconteceu com o primeira equipe que foi enviada para Dite e coletar o máximo possível da energia Kuban (o que remete levemente a história do último DOOM onde a humanidade minera energia do inferno).

Por mais que seja uma história genérica, isso não tem muito problema, pois é comum termos uma história em jogos desse estilo de sobrevivência. O problema é que os personagens são totalmente esquecíveis. Ao chegar em Dite, você encontrará o soldado Reeve que é um rapaz desesperado para voltar para casa e que sempre será o “do contra” em todas as missões e tentativas de desbravar o mundo. Você também irá contar com a ajuda da inteligência artificial Virgil que sofre com dupla personalidade (o que acaba remetendo a alguns poucos diálogos engraçados) e, por fim, a enfermeira Miranda que é a primeira pessoa que você irá resgatar em Dite. Além deles, você irá eventualmente falar com algumas pessoas do nosso mundo e outros personagens que aparecerão posteriormente.

Muito infelizmente os personagens, os diálogos e a história passam longe de ser minimamente merecedores de entrar na linha temporal de Metal Gear. Felizmente (cientes disso), esse jogo é um spin off que não compromete a história e personagens que tanto gostamos. Mas não impede de deixar um gosto amargo na boca após ver os diálogos.

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Sobrevivendo à Dite

Aqui é onde temos a parte principal do jogo. Por Metal Gear Survive ser um jogo de sobrevivência, teremos que ficar ligado em diversos pontos. Os principais serão a água e a comida que na minha opinião se desgastam rápido demais e te força a cada 2/3 missões ter que sair para caçar. Mas não pense que é tão simples como sair, caçar e comer. Na realidade Metal Gear Survive importa um sistema de Metal Gear 3 onde você pode ter partes do corpo danificadas como, por exemplo, machucar a perna após uma queda ou então ter o o braço cortado após ser atacado. Também é possível você se infeccionar (diarreia por exemplo) ao comer uma carne crua ou então beber água suja.

Para minimizar esses riscos, será necessário que você sempre esteja coletando itens pelo mundo e que os transformem em algo. Seja fervendo a água, cozinhando a comida, fazendo medicamentos ou construindo um milhão de coisas, grande parte de seu gameplay irá focar nessa parte de craft e sobrevivência. Devo dizer que este gameplay funciona, por mais que seja repetitivo. É legal achar novas receitas, produzir itens e ir melhorando seu personagem como novas armas e equipamentos. Infelizmente depois de um certo tempo de jogo você é focado em também ter que cuidar da sua base, e isso é muito chato. Com a evolução da história, você terá mais pessoas na sua base e terá que ajudá-las deixando comida, água, cama e medicamento. Caso não cuide deles, será possível que fiquem doentes, tenham problemas e até cheguem a morrer. Ou seja, você irá brincar de The Sims em um modo de gerenciamento muito simplório e sem graça, pois quase não existem benefícios para você e é somente mais um estorvo nesse mundo que não lhe facilita em nada. A grande vantagem é que a hora de criação da comida e bebida não é in game (construções avançadas), mas sim tempo real. Então é possível deixar as coisas produzindo com o vídeo game desligado.

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Outra parte do gerenciamento é que esse mundo está repleto de áreas com áreas cinzentas chamada de Dust (cinzas). Ao entrar nessas áreas, será necessário ativar sua máscara de oxigênio (que é feito automaticamente) e irá ter um tempo limite nesta região até que fique sem oxigênio. De todas as necessidades de gerenciamento, essa é a mais tranquila de todas e tem um fator interessante que é a baixa visibilidade na hora de explorar o mundo. E, felizmente, é possível recarregar on the go o tanque usando sua energia Kuban.

Em suma, a necessidade de gerenciar itens e seus personagens é interessante e parte dela funciona, em especial com o crafting de armas e equipamentos. Porém existe uma outra parte que é simplesmente chata e que não agrega a experiência como um todo.

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Mecânicas e os inimigos

Quando eu joguei Metal Gear V eu falei que a engine criada era incrível e que o cuidado e polimento dele era sublime. Ou seja, é possível modificar essa engine para fazer qualquer tipo de jogo e que esta nova criação será efetivamente boa (pelo menos mecanicamente e visualmente). Dito e feito, Metal Gear Survive apresenta um mundo igualmente bonito a Metal Gear V e uma mecânica extremamente similar ao que já vimos. Ou seja, será possível carregar diversos itens e armas a cada nova exploração. Poderemos fazer armadilhas, atrair os inimigos para um ponto específico e por ai vai. É inquestionável que o jogo flui muito bem e é gostoso jogá-lo.

O que não me empolgou muito foram os inimigos. Chamados de infectados, eles se portam como zumbi bem burros que tem um ponto fraco aparente e se comportam de forma muito similar. É claro que existem inimigos diferentes ao longo do jogo, mas a maioria tem o mesmo padrão de movimento. É muito simples você chegar por trás deles e matá-los. Mas existe algo que ao meu ver foi um erro, a forma de coletar XP (energia Kuban). Cada inimigo tem um level e seu XP será seu level x 100. Por exemplo, se for level 5, dará 500 de xp e por ai vai. O problema é que você precisará coletar manualmente de cada inimigo e meu amigo, isso é sacal e tedioso. Dependendo da quantidade de inimigos que você matar, é possível ficar minutos somente coletando energia (enquanto isso fica sem oxigênio, com fome e sede).

Fiquei quase 5 minutos seguidos coletando energia de cada inimigo
Fiquei quase 5 minutos seguidos coletando energia de cada inimigo

Por fim existirão momentos de tower defense. Assim como vimos na beta aberta, muitas vezes você terá que minerar energia ou então ativar o transportador (para viagem rápida no mapa). Quando isso acontecer será necessário defender essa base por um numero X de tempo. Esse evento irá acontecer inclusive em sua base principal, ou seja, sempre terá que criar meios para defende-la. Esse modo é muito bom, porém acaba ficando solitário fazê-lo na campanha sozinho.

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Jogar online e com os amigos é divertido demais

Se existe algo que eu possa destacar positivamente em Metal Gear Survive é a possibilidade de jogar tanto com os amigos ou então online. E isso acontece em dois momentos distintos.

O primeiro momento é quando entra no Lobby Online (o mesmo disponível no beta) e você irá se juntar ou a 3 desconhecidos ou então poderá chamar amigos. Depois de zoar muito no lobby, os jogadores deverão chegar a uma base e defende-la do ataque dos infectados por três turnos. Durante esses turnos e os próprios ataques, será possível fazer micro missões que irão lhe dar algum bônus (pontuação, armamento, energia, etc) ao longo da partida. A excelente notícia é que é possível conseguir novas receitas para fazer crafting na missão single player. Além disso tenho que pontuar que você divide seus itens e seus status entre os dois modos, ou seja, não é simplesmente entrar e jogar online, você precisa ter o mínimo de material e condição para enfrentar as 3 ondas de ataque. Achei isso muito interessante e acaba equilibrando os modos.

O segundo modo é exatamente o que acabei de falar, mas quem faz ele é você no seu modo single player. É possível criar pontos de extração na sua história e chamar seus amigos para jogar. O legal de participar desses modos (além de um equipamento melhor), é ver novas armas, estratégias e possíveis combinações para te inspirar a ser um jogador melhor.

Microtransações, falta de polimento e uma trilha sonora fraca

A franquia Metal Gear é conhecida por muitas coisas positivas e um carinho ímpar com seus produtos. Personagens, história, mecânica, inovações, trilha sonora e muito mais. Por Metal Gear Survive ser um spin off da série, eu já esperava que alguns desses aspectos não fossem tão marcantes, porém, muitos deles ficaram abaixo da expectativa.

Logo de cara eu vi que faltou um polimento extra no jogo ao ver as cutscenes. A modelagem ficava um pouco estranha e a animação estava dura. Não só isso, mas achei que a qualidade visual não evoluiu muito, na realidade o cuidado tomado em Survive foi menor do que no 5. Algo que legitimamente me incomodou foi o uso abusivo de flare quando sai de qualquer construção. Quando sai de uma “casinha” você receberá em sua cara um luz extremamente forte que não faz sentido algum.

Outra coisa que me incomodou foi a parte sonora do jogo. Jogar um novo Metal Gear era a certeza de que teria uma trilha sonora memorável. Até o Metal Gear Rising, que é outro spin off da série, tem uma trilha de rock bem pesada e maravilhosa. Já em Metal Gear Survive, não existe nenhuma música impactante ou uma trilha que te anima ao longo da jogatina. É sempre uma trilha pesada para este mundo abandonado, violento e praticamente morto.

E por fim temos a maldita microtransação que sempre está atrapalhando os jogos. Eu entendo as empresas quererem monetizar o jogo e deixar uma porta aberta para ganhar um dinheiro extra, mas a micro transação tem que ser bem feita. Embora a moeda possa ser ganha dentro do jogo (de maneira bem lenta), é possível gastar dinheiro real para comprar vantagens in game ou até um espaço extra para ter mais de um personagem no jogo! Se isso não é um absurdo, não sei o que seria.

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Conclusão

Após jogar muitas horas de Metal Gear Survive posso falar com tranquilidade que esse jogo está abaixo do que já vimos na série. Independente do Kojima estar ou não no jogo, ele sofre muito com a repetição e com uma história pouco inspirada com diálogos medianos. Por um lado sua mecânica é muito boa e divertida, em especial ao jogar com os seus amigos ou online, nessa parte Survive funciona muito bem. Já por outro lado, ele carece do carinho, atenção e polimento que vimos na franquia desde sempre. A trilha sonora não empolga e a cereja do bolo vai para as microtransações.

A verdade é que é possível se divertir com o jogo, mas ele não empolga muito e após uma jogatina de meia hora você já se sente cansado. E o fato de levar o nome “Metal Gear” só aumenta a responsabilidade histórica que a franquia representa e de certos padrões que não encontramos em Metal Gear Survive. Ele seria um jogo 3/5, mas como contém microtransações irei dar a nota 2/5.

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game = [Metal Gear Survive]

game = []

info = [Lançamento: 20/02/2018]

info = [Produtora: Konami]

info = [Distribuidora: Konami]

plataformas = [PS4, Xbox One e PC]

nota = [2/5]

decisão = [Espere uma promoção]

texto = [É um jogo divertido em doses homeopáticas]

texto = [e com os amigos. Mas deixa muito a desejar.]

positivo = [Online]

positivo = [Boa mecânica]

positivo = [Crafting]

negativo = [Microtransações]

negativo = [Repetitivo]

negativo = [História Fraca]

negativo = [Personagens fracos]

negativo = [Trilha sonora medíocre]

}}

Leonardo Coimbra

Mestre supremo do Ultima Ficha, não manda nem em seus próprios posts. Embora digam que é geração PS2, é gamer desde o Atari e até hoje chora pedindo um Sonic clássico e decente. Descobriu em FF7 sua paixão por RPG que dura até hoje. Eventualmente é administrador e marketeiro quando o chefe puxa sua orelha com os prazos.

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