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Análise: Blasphemous não é só mais um indie difícil

Apesar de ser chamado de metroidvania, a liberdade é o ponto alto de Blasphemous

Esta é uma análise um pouco atrasada de um dos indies que chamaram mais atenção no ano de 2019. Apesar de não termos tido a oportunidade jogá-lo em seu lançamento, não poderíamos deixar de falar do super estiloso e chamado de sous-like por muitos – Blasphemous! Importante dizer que Blasphemous lida diretamente com um tema voltado a religião, que (apesar de fantasiosa) é focada em um lado sombrio e perturbador. Jogue sabendo o que irá encontrar.

Referências de Blasphemous

Se você fizer uma busca rápida na internet, verá muitos chamando Blasphemous de Metroidvania. Esta não parece ser muita assertiva, na minha opinião, já que: Blasphemous não limita seus caminhos até que você tenha um certo tipo de habilidade ou item (a essência da série Metroid) e parece estar muito mais ligado a parte “vania” do gênero. Já que você tem combates diretos com inimigos e pode seguir o caminho que achar melhor. Esquerda ou direita? Fique a vontade. Você deverá entender os padrões dos inimigos de cada área e evitar tomar dano de bobeira.

Em Blasphemous você estará no papel do Penitente. Um seguidor de uma religião, em tese, fantasiosa mas que lembra muito características do catolicismo medieval. O jogo possui uma profundidade impressionante em sua lore, para os que buscam explicação para sua ações e praticamente TUDO que você encontra tem uma explicação histórica – de itens de consumo à colecionáveis. Seu design, apesar de incomum, mas também intimidador, é inspirado nos “trajes” usados pelos inquisidores espanhóis. Uma escolha acertada para um protagonista tão brutal e imponente.

Quanto a parte Souls do jogo, vamos ver a seguir quando falarmos do combate, mas confesso que o que achei mais parecido foi o fato de você salvar o jogo sempre que acha um altar (no lugar da fogueira) e sempre voltar para aquele ponto quando morre. Diferente de jogos da série Souls, aqui a penalidade por morrer é bem mais tranquila. Quando você morre, parte da sua barra de “mana” (pra que complicar com novos nomes?) diminui. Para recuperá-la você deve voltar onde morreu. O legal disso é que não é algo super importante para suas batalhas (de verdade, mal usei…), e não irá sumir quando você morrer de novo – então ela pode esperar tranquilamente.

O Combate de Blasphemous

A maior batalha de Blasphemous está no seu desafio plataforma versus o design de cenário e combate. Considerando que o combate corpo a corpo tem uma curva de aprendizado bem pequena e simples, se safar dos espinhos que matam com um único hit ou com quedas por erro nos pulos, ou após levar dano, são o verdadeiro desafio do jogo. Quando você não está cortando almas atormentadas em Blasphemous, está escalando paredes com sua espada, pulando entre plataformas em desintegração e agarrando bordas para prosseguir.

Um dos maiores desafios dos novos jogos que buscam ser difíceis é conseguir essa façanha sem frustrar os jogadores. Tornar a morte em combustível para continuar jogando não é para todos e Blasphemous quase escorregou nesse ponto. Quase todos os inimigos te mandam para longe quando acertam um golpe. Isso somado ao design do mapa, de ter sempre um precipício atrás de você, faz com que as coisas possam ficar bem estressantes. Ainda mais quando seu altar de renascimento está bem, bem, longe. Talvez se um dos poderes a desbloquear fosse uma defesa melhor, uma armadura mais pesada, ou uma recuperação no ar… as coisas pudessem ser difíceis sem que você tenha que culpar as decisões no desenvolvimento do jogo.

Evolução em Blasphemous e Chefes

Para equilibrar um pouco as probabilidades, você pode procurar por salas especiais que servem como atualizações permanentes para suas reservas de saúde e mana, além de frascos adicionais de poção de vida. Não há muito mais no caminho da progressão do jogador. Você pode acumular buffs menores com itens no rosário (como perks passivos) e desbloquear algumas atualizações de ataque em uma pequena árvore de habilidades, mas nada que mude completamente o jogo. Mesmo assim o jogo não tem o combate enjoativo, isso porque tudo que você faz parece servir para chegar ao ponto alto do jogo: Seus chefes.

Para mim, um dos pontos mais altos em jogos do estilo plataforma 2D são seus chefes (inclusive estou re-jogando The Messenger , no Switch, por esse motivo). Fui para Blasphemous esperando que os chefes fossem o grande obstáculo e não errei por completo. Dificilmente você irá passar deles de primeira se for um jogador casual – mas não são de modo algum cansativos. Você precisará aprender seus padrões para prever de forma confiável os movimentos mas há uma margem de erro suficiente para todos. Assim como todos os outros modelos do jogo, eles sempre tem uma aparência perturbadora e que pode incomodar algumas pessoas. Aqui também temos um exemplo forte da liberdade do jogo de fazer tudo no ritmo e caminho que achar melhor: Um chefe que foi o um dos últimos para alguns, foi o meu terceiro. Isso muda completamente os combos e itens que você tem disponível no rosário e seu numero de poções de cura.

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Blasphemous é sem dúvida um jogo que deve ser indicado para todos que acham qualquer parágrafo dessa análise interessante. Talvez eu nunca compreenda completamente a história do jogo, mesmo com as inevitáveis teorias e explicadores de plantão da comunidade – mas isso não me impede de dizer os pontos fracos e fortes do jogo. Este segundo sendo maior, sem sombra de dúvidas.

Blasphemous

Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 8
Diversão - 8
Áudio e trilha-sonora - 8
Design de fases e plataformas - 7

8

Bom jogo!

Blasphemous será uma escolha sem erros para aqueles que gostam de jogos de ação em plataforma difíceis. Uma pena a dificuldade não ter sido desenhada para depender apenas da habilidade do jogador. O fato de todo inimigo te jogar pra trás pode frustrar. Porém, se você conseguir pegar o jeito rápido e passar por cima desse ponto, irá encontrar um jogo com uma ambientação única, boa trilha sonora, liberdade e ótimos chefes!

User Rating: 5 ( 1 votes)

Bruno Degering

Gamer há tanto tempo que usa consoles como referência cronológica para lembranças de sua vida. Amante de Mega Man, Resident Evil e Warcraft. Se gaba por ter zerado Battletoads aos 9 anos mas abandonou Bloodborne com 26.

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