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Análise: Call of The Sea é uma deliciosa e desafiadora aventura

Nas artes, de um modo geral, o recurso da intertextualidade é muito explorado. Infelizmente no mundo dos games isso ainda não é tão comum. Mesmo que recentemente jogos tenham usado mais dessa técnica, ainda falta refino. Call of The Sea traz isso de forma muito legal no meio de um jogo de aventura e quebra-cabeças lindo e extremamente desafiador. Entenda nesse nossa análise (review) de Call of The Sea.

História para além do game

Você joga como Norah, uma mulher que sofre de uma doença desconhecida. Você está indo em direção a uma misteriosa ilha no Oceano Pacífico, para onde seu marido (Harry) partiu no passado em busca de uma cura para você, mas nunca mais regressou. A missão parece simples no começo: encontrá-lo. Entretanto, há mais sobre sua doença e essa ilha do que se pode imaginar no princípio.

Desde os primeiros momentos de Call of the Sea é evidente que o game se inspira em muitas obras clássicas da literatura. Temos aqui claras evidências a Julio Verne e H.P. Lovecraft. O que pode parecer estranho já que o primeiro escreve sobre aventuras divertidas e a exploração de uma Terra incrível, enquanto o segundo trata de um terror cósmico com criaturas horrendas das profundezas.

Nesse ponto o game acerta em cheio, pois não se trata de um jogo de terror Lovecraftiano, mas não deixa de lado seus mistérios e influências. Pelo contrário, Call of the Sea é um jogo visualmente mágico e colorido. Aventura dos anos de 1930 de Julio Verne retratada estética e tematicamente perfeita, cheia diversão e cores.

Para finalizar esse toque de intertextualidade, há ainda uma recente obra que podemos identificar desde o começo do jogo. O vencedor do Óscar de melhor filme de 2018, A Forma da Água. Infelizmente não posso me aprofundar por aqui sem dar spoiler, mas que certamente deixa o game ainda mais rico e prazeroso.

Se você não leu ou não assistiu nenhuma dessas obras, aconselho, pois deixa a aventura de Call of the Sea ainda mais legal.

Diversão em Nível Hard

Fazia tempos que um jogo de aventura e quebra-cabeças não me segurava tanto. Eu acredito que desde Outer Wilds eu não jogava um desafio tão instigante e recompensador. Call of The Sea se divide em capítulos onde você deverá desvendar quebras-cabeças pontuais para, então, ter os meios de resolver um ainda maior que vai te dar a possibilidade de avançar para a próxima parte.

Assumindo uma postura didática, o game inicia a aventura de forma um tanto quanto tranquila, com desafios relativamente simples. Contudo, conforme você avança para dentro da ilha, os quebra-cabeças vão ficando mais difíceis. Os capítulos mais à frente exigem um nível de atenção aos detalhes e uma experiência de dedução fortes. Apesar da dificuldade, nada é por acaso, as dicas realmente podem te levar onde você quer, basta manter a mente aberta.

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Há, contudo, uma crítica a se fazer. Como os capítulos exigem que você transite entre diversas áreas, acaba ficando maçante ir e voltar muitas vezes. Não só pelos trajetos, como pelo fato de que Norah é lerda. Acho que aqui caberia algum fator de dinamismo que não só a contemplação do cenário. Aliás, os cenários são incrivelmente detalhados e bonitos de se ver.

Personagens

Eu achei chato no início do game ver que no meu diário já havia muita coisa escrita sobre personagens e história. Achei que fosse ser como a maioria dos outros jogos do gênero onde eu gastaria horas lendo sobre a história e personagens só para descobrir um pano de fundo genérico e pouco instigante.

Nunca estive tão errado.

É bem divertido entender as motivações dos personagens e suas personalidades. Primeiro porque os textos são acompanhados das vozes, o que dá um ânimo maior para acompanhar a história. Além disso, você, inclusive, vai conseguir pensar em como solucionar um ou outro puzzle deduzindo certas ações pelo o que você aprende sobre o passado. Ou seja, vale muito a pena conhecer o folclore e a história pregressa de Call of the Sea.

Veredito

Call of the Sea é um jogo curto. Em média 6 horas de game na primeira tentativa. Por outro lado é um lançamento barato, atualmente apenas R$ 37,99 na Steam, R$ 74,95 na Xbox. Se você é assinante do Xbox Gamepass, melhor ainda, o jogo já está no catálogo. Ou seja, quanto ao custo benefício por tempo de jogo, no geral, você vai sair em ótima vantagem.

Sobre o game em si, acredito que esta análise (review) pontua bem que Call of the Sea é um excelente jogo para o que se propõe. Aqui temos aventura com muito quebra-cabeça. Se este estilo de game (puzzler) te agrada, é uma compra certa. Call of the Sea é um ótimo nome de estreia da Out of The Blue e eu já estou ansioso para os próximos títulos da empresa.

Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Estréia de Peso!

Visual, ambientação e gráficos - 9
Jogabilidade - 8
Diversão - 8.5
Quebra-Cabeças - 9.5
Custo-Benefício - 9

8.8

Excelente!

Call of the Sea é um excelente jogo para o que se propõe: aventura-puzzle. Se este estilo de game te agrada, é uma compra certa.

User Rating: 5 ( 1 votes)

Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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