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Análise: Boyfriend Dungeon é um jogo MUITO estranho

Se você acha que o título é estranho, então se prepare para ver o jogo.

Boyfriend Dungeon é uma mistura de Visual Novel com Dungeon Crawler. E o tema do jogo é algo que eu acho bem excêntrico. Para você entender melhor aonde quero chegar, veja aqui a breve descrição do jogo:

Romance com espadas! Capture os corações das armas para subir de nível nesta aventura “shack-and-slash” nas masmorras.

E, sinceramente, Boyfriend Dungeon não consegue ser bom nem em ser um Visual Novel e nem em ser um Dungeon Crawler. Confira nossa análise para entender exatamente o que achei do jogo.

O início da busca dos namoros

Em suma, Boyfriend Dungeon foi desenvolvido e publicado pela KitFox Games e financiado no Kickstarter. É importante, antes de mais nada, salientar que o jogo mexe com temas sensíveis.

Ou seja, antes mesmo de começarmos, o jogo te avisa que terá linguagem ofensiva (nenhum xingamento até aonde eu finalizei o jogo, mas são várias “cantadas” duvidosas). E, acima de tudo, sigam a dica de fazer pausas necessárias. A quantidade de cores que o jogo apresenta, somada com a sua jogabilidade de Dungeon Crawler com muitas cores e efeitos rápidos, traz uma fadiga enorme, se jogado por longos períodos.

Após este alerta, você pode começar o jogo. E nessa parte você já começa a ver que deveria ter ido ver o filme do Pelé (ou no original, El Chanfle). A primeira opção que temos no jogo é a customização do personagem e aqui vimos algo interessante: você pode escolher entre Ele, Ela ou Elu. É interessante as opções, pois nenhuma delas influencia nas opções de namoro. Ou seja, não interfere em nada no jogo (muda somente alguns diálogos. Um exemplo é o Jesse chamando o personagem como primo ou prima).

Caso você esteja insatisfeito com a escolha, você pode mudar a qualquer momento no jogo. Incluindo o nome e as outras características. Para isso, é só ir no espelho do seu quarto e mudar.

Ao olhar no espelho, percebe que agora tem mais duas abas: uma de roupas e outra de chapéus. A customização é até bem completinha, porém tirando algumas roupas e chapéus, o efeito é só visual mesmo. E gente, essa é de longe a melhor coisa que tem no jogo (a aquisição de novas roupas e chapéus).

Ainda em busca dos namoros do jogo

A partir desse momento, o jogo começa e o principal personagem, exceto você, é apresentado: seu primo Jesse. Ele praticamente vai te apresentar o jogo todo, tanto o Dungeon Crawler quanto o Visual Novel.

Para evitar spoilers do jogo, não falarei mais da história. Como o jogo tem a parte Visual Novel, a experiência de jogo varia de jogador a jogador e o jogo lhe dá várias opções de armas/namoros. Porém, quero dar só esse spoiler do jogo, mostrando uma das opções de “namoro”.

Como podem ver, o jogo usa pronomes neutros. E até mesmo uma das vendedoras do jogo lhe cumprimenta com um “Bem-Vindes”. Isso não é de forma alguma crítica ou tratamento pejorativo. Só queria mostrar mais esse detalhe no jogo, que eu achei bem interessante.

O desenrolar do namoro, digo, jogo

A princípio, eu senti que o personagem principal não teve um tratamento adequado. Entendo perfeitamente que é para dar um toque de algo genérico, pois a qualquer momento você pode trocar como o personagem deve ser referenciado. Não me julguem mal, mas é difícil não falar que isso é a coisa mais preguiçosa que eu já vi na minha vida. Já vi jogos mais simples e que o sistema de customização do personagem é mais completa, incluindo alguns de celular. Se a ideia aqui foi de que o personagem pode ter a liberdade de ser como quiser, no momento que quiser e na hora que quiser (incluindo como as pessoas vão se referir ao personagem), The Sims 4 tem um sistema muito semelhante, aonde tem um sistema muito bom de customização de personagem e que pode ser alterado no momento que quiser.

Os dungeons do jogo são bem genéricos. Até que são bem desenhados e o design é aceitável, mas só nas 3 primeiras vezes que joga porque depois fica extremamente tedioso e chato. Como um Dungeon Crawler, o jogo apresenta passagens secretas também. Mas não tem nenhuma dificuldade em descobrir essas passagens. Veja aqui embaixo um exemplo de passagem secreta.

Ainda sobre o desenrolar do jogo

Antes de mais nada, vou deixar aqui a tela que aparece quando você abandona a dungeon:

Nessa tela, mostra quantos andares você desceu (em alguns andares em específico, você pode sair da dungeon), os inimigos que você derrotou (repare em alguns inimigos como celular flip, telefone de teclado, fita cassete, TV de tubo e vitrola), a afeição que você teve com a arma (falarei mais sobre isso mais abaixo) e a quantidade de XP ganha. Essa mecânica é semelhante a mecânica que Final Fantasy XV usa para os personages subirem de nível. Ou seja, você luta o dia todo, usa ítens, sofre demais e só ganha a experiência quando você para e descansa. Esse é certamente um sistema que não agradará a todos jogadores.

Sobre os monstros, eu não posso revelar muito porque eles tem essas aparências sem dar um spoiler muito grande do jogo, mas podem confiar: as formas dos monstros tem sentido e achei essa parte muito interessante. O que posso falar sobre os monstros desse jogo é que eles estão no mesmo patamar dos monstros de Silent Hill 1 e 2, aonde cada um tem um sentido em estar lá.

E os namorinhos, hein? Cadê eles?

Conforme você progride no jogo e explora o mesmo, você vai encontrando novas armas e, consequentemente, os candidatos a namorados. Aliás, até aqui, deve estar muito confuso esse lance de “namorar com armas”, mas isso é plot do jogo: no universo em que se passa, alguns humanos e animais tem a habilidade de se transformar em um tipo de arma. Como isso ocorre? Faço a mínima ideia e não corri atrás de saber.

Um detalhe que devo salientar é que eu escrevi “animais” no parágrafo acima. E não foi erro: um dos candidatos a “namoro” é um gato. E não, não é um furry, não é alguém que acha que é um gato e nem tampouco alguém fantasiado de gato: É literalmente UM GATO! Eu não me aprofundei em todas as possibilidades de “namoro” no jogo, então eu não sei como continua a história com o gato.

Existe uma mecânica no jogo, chamada Afeição. É ela que determina como você está entrosado com a sua arma e libera novas habilidades, tendo até 6 níveis de Afeição. Há duas formas de aumentar a afeição do personagem jogador com a arma: a primeira é enfrentando dungeons com a arma escolhida e a segunda é jogando a parte Visual Novel do jogo. É só você encontrar a “arma/candidato a namoro”, começar a conversar, escolher as respostas certas, dar os presentes certos e pronto: afeição no máximo.

E como o jogo funciona?

Nessa parte, terei que separar em duas sub-análises diferentes, porque o jogo entrega duas jogabilidades diferentes: a Visual Novel e o Dungeon Crawler.

Visual Novel

A parte Visual Novel não é nenhuma novidade: basta escolher uma opção ou outra e seguir a história com a consequência daquela escolha. Sem nenhum detalhe a acrescentar. O que eu fiquei chateado é que essas escolhas não interferem em nada na história do jogo. E é só isso mesmo: faça as escolhas certas ou erradas e deixe o jogo contar a sua história, com um plot twist muito fraco e um final muito clichê.

Dungeon Crawler

Agora, a parte Dungeon Crawler não é nada boa. O que poderia ter alguma diferença no jogo, que é a escolha das armas, não vai mudar a forma como o personagem joga, porque tudo vai se resumir em um esmagar de botões freneticamente, entre ataques fracos e fortes. Também possui um botão de rolamento (que serve como esquiva), um botão para usar item de recuperação de energia e um botão para usar magias.

Resumidamente: o Dungeon Crawler do jogo tem uma mecânica fraca, os dungeons são entediante e óbvios demais. Ao menos tem um mini mapa, que ajuda muito.

Mas é sério que esse jogo não tem nada de bom?

Uma coisa que achei super legal e que já mencionei aqui, são as formas de aquisição das roupas e chapéus do jogo. Existem várias formas (como comprar, adquirir em dungeons ou “craftando” itens) e isso pode dar uma longevidade ao jogo. Também você pode criar livros de magias (que no jogo são revistas) e presentes.

As animações também estão bem bonitas. Toda vez que você acha uma arma, tem uma animação do personagem revelando sua forma humana/animal e essa parte teve um capricho excelente! As cenas apresentadas também são bem coloridas e detalhadas, mas tirando as dungeons, todas as imagens são bem estáticas.

As músicas e efeitos sonoros não são dos piores. Os golpes das armas e acertos nos inimigos tem sons genéricos, mas as músicas são bem legais e te ambientam bem em cada cena, dando a emoção satisfatória para cada momento do jogo.

Considerações finais

De maneira geral, o jogo é muito estranho. A progressão do jogo com os “namoros” tem um clichê de filmes antigos e muitas vezes ofensivas demais. De todas as 9 escolhas de “namoro” que o jogo propõe, poucos são os personagens carismáticos o suficiente para querer progredir com eles. As armas só tem formas diferentes, porém não muda em nada na hora de jogar: tudo se resume a esmagar botões e esquivar dos inimigos. As habilidades que você ganha ao avançar nas afeições das armas não tem nada de excepcional.

As escolhas que você faz com as armas, na hora dos encontros, são totalmente ignoráveis. Não é porque são ruins, mas é porque elas não fazem a menor diferença nas suas escolhas. É claro que a história contada fica diferente com as escolhas feitas (como falei, a experiência de um Visual Novel sempre varia de pessoa a pessoa), mas não interfere no final do jogo. Porém, não dá para fugir totalmente do Visual Novel, pois para mudar de nível de Afeição, sempre precisa ter um “encontro”. E todos os encontros que eu tive, incluindo entrega de presentes errados e escolhas mais ríspidas, aumentaram o nível da Afeição. Fora que você pode ir desafiando as dungeons várias vezes e ir aumentando a Afeição assim (mas só sobe de nível nos encontros mesmo).

O jogo já está liberado e você consegue adquirir o jogo via Steam, Xbox (inclusive o jogo foi lançado direto no Game Pass, aonde eu joguei) e Nintendo Switch.

Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Boyfriend Dungeon

Visual, ambientação e gráficos - 7.5
Jogabilidade - 4
Diversão - 3.5
Áudio e trilha-sonora - 8

5.8

Fraco

Boyfriend Dungeon é um jogo que tenta entregar várias coisas ao mesmo tempo e não vai bem em nenhuma delas. Depois de jogar, eu acredito que se os desenvolvedores focassem em apenas uma coisa que o jogo entregasse, teria um resultado melhor. Pois até dá para sentir que tentaram, mas nada do apresentado foi bom.

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Eder DZR13

Um rapaz descontraído, engraçado, esperto e dinâmico. Esse cara não sou eu, mas eu amo jogar e viver no mundo gamer. Ainda procurando os dias de glórias porque de tanta luta, eu acho que serei a próxima DLC de Street Fighter. Detentor da 5ª Esmeralda do Caos e 3 vezes campeão da liga de Brawlhalla do condomínio. E ontem eu acertei a tela branca do Akuma.

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