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Análise: Deathloop é mais um bom jogo da Arkane Studios

Deathloop é o mais novo jogo da Arkane Studios, conhecida pelos excelentes Dishonored e Prey. O estúdio é mestre em fazer jogos em primeira pessoa que misturam elementos stealth com uma jogabilidade que combina poderes e ação frenética para eliminar inimigos. Deathloop não sai muito dessa proposta com relação ao gameplay, mas a história e a forma como se avança no jogo são algo completamente novo para o estúdio. Leia mais abaixo a nossa análise de Deathloop ou assista nossa análise em vídeo.

O que é Deathloop? – Análise

Eu confesso que só fui entender como o jogo funcionava quando tive a oportunidade de ver o jogo a portas fechadas há três meses e conversar com Dinga Bakaba, diretor do jogo, junto a outros veículos de imprensa. Não à toa, a Bethesda investiu pesadamente no marketing do jogo focando bastante em explicar como ele funciona. Ainda assim algumas dúvidas só foram sanadas agora que tive a oportunidade de fazer essa análise e eu vou explicar para vocês o que achei do jogo e como ele funciona de fato.

Deathloop nos coloca na pele de Colt Vahn, protagonista que acorda sem nenhuma memória em uma praia na ilha de Blackreef. Assim que ele levanta, ele se depara com mensagens espalhadas pelo mapa que vão o direcionando para objetivos, além da voz de Juliana Blake, que estaria o caçando e teria mobilizado toda a ilha para fazer o mesmo. À medida que avançamos na história, descobrimos que todos os habitantes de Blackreef estariam sob o efeito do Deathloop, que faz com que todos ressuscitem todos os dias e recomecem suas rotinas do zero. Colt, por algum motivo, estaria predestinado a acabar com esse ciclo, e Juliana trabalha para que o protagonista seja eliminado em todas as suas tentativas diariamente.

Para acabar com o Deathloop, Colt teria que matar 8 visionários, que são os chefões de fato de Blackreef. Todos eles tiveram um papel importante na criação desse ciclo e, naturalmente, todos têm o interesse em comum de fazer com que o loop continue, já que através dele a vida seria eterna para todos em Blackreef. Então, para resumir essa primeira parte, precisamos matar todos os 8 visionários que mandam em Blackreef em um só loop, que dura um dia, enquanto somos caçados por Juliana, que quer manter o ciclo em funcionamento. A primeira parte para entender o jogo é isso, agora vamos explicar como fazer isso.

Como acabar com o Deathloop? – Análise

Basicamente, precisamos dar um jeito de encontrar e matar todos esses 8 visionários durante o dia, que é dividido em manhã, meio-dia, tarde e noite, sendo que todos eles ficam espalhados pelos 4 distritos de Blackreef. Ou seja, temos 8 alvos, 4 distritos e 4 períodos do dia. À medida que as mensagens pelo mapa vão direcionando Colt, vamos descobrindo mais sobre a história de Blackreef, sobre os visionários e sobre a rotina dos habitantes da ilha. Tudo isso vai nos ajudando a entender mais sobre o passado de Colt, porque ele quer acabar com esse loop e quem deixou essas mensagens e dicas para o personagem. Como consequência, começamos a saber onde cada visionário está em cada momento do dia e como podemos fazer para juntá-los em diferentes distritos ao longo do mesmo dia para efetivamente matá-los e acabar com o ciclo.

Deathloop, então, vai se tornando um grande e complexo quebra cabeças, que nos faz queimar o cérebro pensando em como matá-los em um só dia. São tantas as informações que vamos encontrando ao longo dos mapas que acabamos ficando perdidos em vários momentos, mas felizmente, o jogo vai montando um mural que resume todas as descobertas feitas durante as nossas incursões em Blackreef. Efetivamente, o jogo tem uma essência de Hitman, que tem bastante essa característica de exploração dos mapas a fim de encontrar pistas que facilitem a eliminação dos alvos. É nessa essência, inclusive, que Deathloop se destaca dos outros jogos da Arkane Studios, que são basicamente lineares.

O gameplay clássico da Arkane Studios

Bem, me dediquei aqui pra explicar para vocês a essência do jogo, e espero que vocês tenham entendido como ele funciona, então vamos agora para o gameplay. Deathloop possui uma jogabilidade muito parecida com a dos últimos jogos da Arkane, e consiste de um jogo de tiro em primeira pessoa com mecânicas de stealth e poderes que vão te fazer sentir como um ninja. Não há ninguém melhor do que a Arkane nesse sentido, e Deathloop segue a mesma linha.

Durante todas as incursões com Colt pelos 4 distritos de Blackreef, nos deparamos com inimigos patrulhando diferentes áreas e é extremamente recomendável que os eliminemos de forma furtiva. Todas as sessões dos mapas possuem inúmeros caminhos, passagens, buracos e telhados que podem ser explorados e utilizados por Colt para suas abordagens, e é muito satisfatório descobrir lugares que possibilitam novas formas de matar os eternalistas, que são os capangas dos visionários. Claro, também é possível sair matando os inimigos igual o Rambo, e a sensação de atirar, pelo menos no Dualsense, é excelente. Cada uma das 12 armas possui um feedback diferente no controle do PS5, o que possibilita, por exemplo, saber se o pente está acabando só pela sensação da vibração. Essa mecânica é bem interessante, e dá toda uma sensação de imersão durante a jogatina.

As placas e berloques de Deathloop – Análise

Há também placas, que são poderes obtidos quando Colt mata visionários. Cada um deles possui uma habilidade específica, que muda completamente o gameplay do jogo. Há 5 placas desbloqueáveis, sendo que somente 2 podem ser utilizadas a cada incursão. A placa Finta permite que Colt percorra distâncias muito rápido, a placa Nexo vincula inimgos, o que acontece com um acontece com todos, a placa Karnese arremessa pessoas com um gesto, a placa Desordem dá um boost de dano, e a placa Éter deixa Colt camuflado no cenário. A forma como o jogador combina dois desses poderes é completamente livre, o que permite ainda mais formas de adentrar cada distrito. Todos os poderes são muito úteis e bem balanceados, e fãs dos jogos anteriores da Arkane não terão muita dificuldade em se adaptar a eles. Colt possui a sua própria placa, que não pode ser removida, e permite que ele morra até três vezes no mesmo distrito antes de recomeçar todo o loop novamente.

Além dessas placas, há berloques, que são melhorias tanto para Colt como para as armas que dão bônus diversos. Há melhorias de recarga, mais munição, mais vida, pulo duplo, assinatos mais rápidos, etc. A quantidade de berloques é muito grande e cada jogador pode, através do seu estilo de jogo, modificar completamente o gameplay de Colt, deixando-o mais bruto ou mais rápido e sorrateiro. Agora, o grande pulo do gato é o seguinte. Toda vez que um loop recomeça, Colt perde todos os itens e poderes e deve matar os visionários e explorar os mapas para pegá-los novamente com uma exceção.

Há um material espalhado por Blackreef chamado Residuum. Esse material permite que Colt faça uma infusão em qualquer equipamento, o mantendo para o próximo loop. As infusões custam Residuum e variam de acordo com a raridade do item. Assim como em diversos outros looters, como Destiny, The Division, ou Borderlands, diferentes itens podem ter diferentes níveis de raridade e habilidade passivas específicas que você vai querer manter para os próximos dias. Dessa forma, Deathloop cria também uma mecânica roguelike meio estratégica, já que a maioria dos itens é perdido no dia seguinte com exceção dos infundidos com Residuum. Pessoalmente não tive muita dificuldade de achar Residuum o suficiente para preservar minhas melhores armas, mas eu também explorei bastante Blackreef e catei cada item espalhado pelo mapa.

O fator multiplayer de Juliana Blake

Deathloop também tem um pequeno elemento multiplayer, que é na verdade bem menor do que eu esperava. Como já falado nessa análise, Colt é caçado por Juliana, que aparece aleatoriamente nos distritos em períodos específicos do dia em que os visionários aparecem. A grande questão é que Juliana pode ser controlada por um jogador aleatório. Ou seja, em muitos momentos nós estaremos sorrateiramente tentando nos aproximar dos visionários e do nada vem alguém online jogando de Juliana e acaba com seus planos. Da mesma forma, também podemos jogar com a personagem para acabar com o dia de um Colt aleatório online. Eu não achei tão interessante assim essa mecânica, já que não há tantos incentivos no jogo que me façam querer jogar com a personagem de fato. Claro, trolar outros jogadores online é sempre bom, mas fora isso eu não foquei muito nessa parte. É possível desligar o fator online do jogo completamente e fazer com que Juliana seja controlada pela inteligência artificial, o que é um certo alento até.

A excelente direção de arte de Deathloop

Pulando agora para parte da direção de arte, Deathloop é uma beleza para os olhos e ouvidos. Eu tenho dado certa sorte nas minhas últimas análises de jogar jogos bem trabalhados na questão gráfica e sonora, e Deathloop não é uma exceção. O jogo possui três modos visuais, que são: Desempenho, Qualidade Visual e Ray-tracing. O modo Desempenho mantém 60 FPS constantes com uma resolução dinâmica a 4K, o modo Qualidade Visual prioriza a resolução a 4K também dinâmica, mas com quedas, e o modo Ray Tracing roda a 30 FPS e com técnicas de traçados de raios. Vale destacar que Deathloop é o jogo mais sincero que eu vi até o momento com esses modos, deixando bem claro no menu que o modo Qualidade Visual possui quedas de FPS. Eu basicamente joguei o jogo inteiro no modo Desempenho e tive uma experiência impecável, não percebendo qualquer queda de FPS ou diminuições drásticas na resolução. Mesmo nesse modo, Deathloop é muito bonito, com cenários altamente detalhados e complexos, efeitos de iluminação, partículas e física excelentes. O visual estilizado à la anos 60 do jogo dá um charme adicional, e eu não tenho qualquer reclamação nesse sentido.

Com relação aos efeitos sonoros e a trilha de Deathloop, o jogo também mantém um altíssimo nível, fazendo uso total do áudio 3D do Playstation 5 para trazer uma experiência incrível. As músicas do jogo entram em ação sempre quando somos encontrados pelos inimigos, fazendo com que a adrenalina vá a mil. Os efeitos dos passos, poças e a ambientação 3D ajudam muito na jogabilidade stealth, se aliando ao feedback do Dualsense para nos dar dicas de onde os personagens estão no mapa. A Arkane não costuma errar na direção de arte dos seus jogos, e Deathloop me parece uma evolução em cima do que já era excelente.

Deathloop vale a pena? É bom mesmo? – Análise

Mas bem, eu vou fazer uma conclusão da análise de Deathloop resumindo tudo o que eu achei com algumas ressalvas. É difícil entender Deathloop antes de jogá-lo, e mesmo quando começamos o jogo, passamos umas 2 horinhas entendendo as mecânicas um pouco perdido até. Nesse tempo, eu achei o jogo um tanto quanto lento e confuso, já que ele te dá o contexto da história, te fala o que tem que ser feito e fala: “Vai”. Depois de quebrar a cabeça um pouco, explorar e entender como tudo funciona, eu passei a apreciar Deathloop bem mais, e comecei a ousar no gameplay. A partir daí, o jogo mostrou todo o seu potencial, com um gameplay refinado aos moldes clássicos da Arkane e uma história misteriosa, que se desenrola ao longo da sua exploração pelos distritos, que é basicamente livre. O jogo até aponta um lugar ou outro por onde se deve passar, mas não há uma ordem definida do que precisa ser feito para avançar na história, e eu tenho certeza que muitos jogadores vão se enrolar nesse sentido. Eu comecei a jogar Deathloop o achando mais fraco do que imaginava e acabei terminando percebendo que ele é um jogo muito bom, e também muito fora da curva.

Essa análise segue nossas diretrizes internas. Clique aqui e confira nosso processo de avaliação.

Deathloop

Visual, ambientação e gráficos - 8.5
Jogabilidade - 9
Diversão - 7.5
Áudio e trilha-sonor - 8.5

8.4

Ótimo

Deathloop traz o gameplay clássico da Arkane Studios com alguns elementos a mais. A sua complexidade pode afastar jogadores, mas ainda assim o jogo entrega o que promete.

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Bernardo Cortez

Formado em Relações Internacionais, Bernardo aproveitou o dom de escrever para algo útil. Músico, viajante, cronista e amante de qualquer coisa que seja relacionada a jogos, seu sonho é ser jornalista na área. Tem um carinho especial por jogos que tragam o melhor de todas as formas de arte que os englobam.

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